A região do Alto Solimões deve receber o primeiro Parque Científico e Tecnológico (PCT) do Amazonas e o segundo do Norte do país. Em diálogo de aproximação institucional com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Henrique Pereira, o coordenador-geral de Gestão do Território da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Vitarque Coêlho, informou que ao menos dez empresas já demonstram interesse em se instalar no centro que será focado na bioeconomia da Amazônia.
O Parque Científico e Tecnológico do Alto Solimões – PaCTAS será instalado em Tabatinga e Benjamin Constant, na tríplice fronteira do Brasil, Peru e Colômbia, região com previsão de boas oportunidades comerciais. Tabatinga (a 1.105 Km de Manaus) será um hub logístico Chancay-Manaus, uma rota de interligação logística, de distribuição de mercadorias, pelo oceano Pacífico. O Porto de Chancay, em construção no litoral peruano, permitirá ao Polo Industrial de Manaus receber produtos direto da China e outros países asiáticos.
Um PCT é um espaço físico para os empreendimentos inovadores se instalarem e se conectarem a laboratórios de prestação de serviços, promovendo a articulação entre o setor produtivo e as instituições de C&T para produzir novos processos, produtos e serviços para o mercado e fazer inovação. A preocupação de um parque é com a emissão da nota fiscal com a prestação de serviço propriamente dito, e o sucesso do projeto envolve a sua capacidade de construir uma rede de colaboração para que possa efetivamente transformar a realidade local e regional.
“Temos substancial interesse em continuar apoiando e colaborando com a implementação do PaCTAS, assim como em compor o arranjo institucional que trará governança para o Parque, considerando que temos o nosso Núcleo de Inovação e a Incubadora de Empresas e somos os coordenadores do Arranjo AMOCI. Já contamos com amplos acordos de cooperação com as três IES proponentes, além de atuarmos com nossas equipes de pesquisa naquela região e em parceria com instituições dos países vizinhos, o Peru e a Colômbia ”, disse o diretor do Inpa.
De acordo com Coêlho, o PaCTAS está na fase de estruturação do modelo de governança, processo conduzido pela Fundação Guamá, que gerencia o PCT Guamá, em Belém (PA). A Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Instituto Federal de Educação do Amazonas (Ifam) e a Universidade do Estado Amazonas (UEA) são parceiros. Além de instituições do Amazonas, MIDR e Fundação Guamá estão dialogando na cooperação internacional com organizações do Peru e Colômbia, a fim de permitir acessar recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
“Nosso papel será buscar essa aproximação de empresas do Polo industrial de Manaus com instituições como o Inpa, com a inteligência, sua capacidade de desenvolver projetos de tecnologia e colocá-las em inovação, em produtos e serviços. Outra perspectiva é o de interiorização do desenvolvimento com a chegada e instalação de empresas de pesquisa e inovação no Alto Solimões”, contou Coêlho, que também se reuniu com representantes da Federação da Indústria do Estado do Amazonas (Fieam) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti).
No Brasil existem 59 Parques Científicos e Tecnológicos. O PCT Guamá em Belém é o único do Norte e conta com cerca de 40 empresas instaladas de portes diversos. Dessas, mais de 30 são startups e seis são multinacionais.
“Estamos muito estimulados com a construção desse modelo de governança do Parque, único numa região transfronteiriça envolvendo muitas instituições e numa região muito rica do Alto Solimões e Amazonas em geral. O Inpa, como principal instituição de ciência e tecnologia aqui, não poderia ficar de fora”, destacou o diretor-presidente da Fundação Guamá, Rodrigo Reis.
Também participaram da reunião por parte do Inpa, a coordenadora-geral de Planejamento, Administração e Gestão, Magalli Henriques, a coordenadora de Gestão da Inovação e Empreendedorismo, Deuzanira dos Santos, e o chefe da Divisão de Cooperação e Intercâmbio, Laurindo Campos.
*Com informações do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.