Com forte influência europeia, a Praça Heliodoro Balbi, localizada no Centro histórico da capital amazonense, possui esculturas com a temática de caça que causam estranhamento para muitas pessoas.
Estátuas, representações históricas, monumentos, todos esses elementos ajudam a contar a história, costumes e tradições de um povo. Porém, nem todas as expressões artísticas podem ser consideradas de identidade própria. O Brasil, por exemplo, tem fortes influências europeias, com destaque, claro, para Portugal e Espanha.
Com a Amazônia não foi diferente: o Amazonas e o Pará também foram fortemente influenciados por movimentos europeus, a exemplo da Belle Époque presente no apogeu do ciclo da borracha.
Essa influência ainda é notada atualmente, uma vez que existem estátuas e esculturas ao redor da cidade datadas dessa época. Algumas delas podem ser observadas na Praça Heliodoro Balbi, no Centro histórico de Manaus, no Amazonas.
As três esculturas presentes no local causam estranhamento e despertam a atenção de curiosos e amantes da arte. Esculpidas em ferro na França, foram implantadas em 1906 e todas representam a caça, uma temática bastante utilizada na França no século XIX.
Estas obras são réplicas de estátuas expostas no Museu do Louvre, em Paris, e foram trazidas após a remodelação da praça, na gestão do então prefeito Adolpho Lisboa.
Confira quais são estas obras:
Diana, a caçadora
Centro da temática da Praça Heliodoro Balbi, Diana, a deusa caçadora, é uma escultura em ferro fundido, como todas as outras do grupo. As informações na base da escultura comprovam que também foi feita na França: “Val D´Osne – 58 Bº Voltaire Paris”.
Na mitologia grega, Diana testemunhou as dores do parto e pediu e obteve de seu pai a permissão de guardar uma virgindade perpétua. Armada de arco e flecha e acompanhada por um cortejo de ninfas, é a rainha dos bosques. Sua atividade favorita é a caça, acompanhada de cães.
A ninfa
Com 2 metros de altura, a estátua simboliza o cortejo de ninfas que acompanha a Deusa da Caça e dos Bosques, a Diana Caçadora. Esta peça, assim como as outras, foram forjadas na França e levadas para a capital amazonense em 1906, como parte do projeto de jardins públicos inspirados nos moldes parisienses.
A ninfa, na mitologia grega, é uma das divindades dos rios, bosques e montes. É representada por moças muito brincalhonas, retratadas geralmente desnudas e com cabelos longos.
Até 2002, ela segurava um ramo com uma flor na mão esquerda. Porém, este foi o ano que a estátua sofreu um acidente: um galho de árvore caiu na escultura e a deslocou do pedestal. Ela ficou um longo período desaparecida da praça até a última revitalização. Quando voltou restaurada, o ramo já não estava mais em sua mão.
O cão e o javali
Sem dúvida, uma das esculturas mais emblemáticas da praça e pode-se dizer que até da cidade é a escultura que retrata a briga entre um javali e um cão, chamando a atenção de quem passa pelo local.
A luta entre o javali e o cachorro é uma alusão a mitologia do Javali de Cálidon, cujo o Rei de Cálidon Enéas, pai de Meleagro, recebeu um castigo da deusa Ártemis por não ter feito um sacrifício e que, por esta razão, a deusa mandou um terrível javali devastar, sem piedade, todas as plantações e rebanhos que encontrasse pela frente.
Mercúrio, o deus mensageiro
Com a base de cimento, essa escultura mede 1,38m de altura, mais um pedestal em ferro. Hermes apoia-se com o pé esquerdo, tem em cada pé uma asa e no chapéu mais duas, simbolizando a velocidade.
Na mitologia grega, ‘Hermes’ significa “intérprete ou mensageiro”. Deus da eloquência e da arte de bem falar, era protetor dos viajantes e negociantes. Esta peça em ferro, de 2,3m de altura, carrega na mão direita uma tocha.