Um projeto desenvolvido no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) conseguiu criar anticorpos para diagnosticar as enfermidades, que ainda não possuem testes de diagnósticos fabricados no País.
Um estudo realizado no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), em Manaus (AM), desenvolveu um processo de produção de anticorpos, a partir de ovos de galinha, que ajudam a diagnosticar doenças como a Covid-19, dengue e malária. O pesquisador no CBA, Diogo Castro, é responsável pela pesquisa desenvolvida desde 2017.
Cerca de 50 galinhas vivem em uma granja na rodovia BR-174 e produzem ovos que são usados para a detecção das doenças. “A gente sintetiza aquela partícula a partir daqueles micro-organismos. A partir daí a gente inocula na galinha e, em seguida, a gente retira aquele anticorpo do seu ovo. Sem tirar sangue e sem sacrificar”, explicou Castro.
De acordo com o pesquisador, as substâncias que são injetadas nas galinhas são os antígenos de doenças específicas, para que se obtenha os anticorpos para cada uma delas. A partir da retirada dos anticorpos, que são gerados nos ovos, é possível produzir testes para que as doenças sejam detectadas em pacientes.
Método dispensa sacrifício de animais
De acordo com o pesquisador Diogo Castro, o método de obtenção dos anticorpos em laboratórios costuma ser feitos em mamíferos, como camundongos. Durante os processos, os animais acabam sendo sacrificados devido a necessidade de retirada de sangue.
No entanto, a utilização do método de obtenção dos anticorpos por meio dos ovos de galinha, segundo Castro, permite que nenhum dos animais sejam sacrificados no processo, além de otimizar os resultados a partir dos ovos coletados na granja: “Requer uma estrutura muito menor de produção em comparação com a de mamíferos, menor número de atualizações porque é uma granja convencional e altas concentrações de anticorpos. Em média, se a gente pegar um ovo desse, teríamos que ter 200 camundongos para obter o mesmo nível de concentração”.
Projeto em fase de validação
O pesquisador informou que o projeto já tem um teste validado de detecção de anticorpos da Covid-19. Atualmente, a pesquisa está em fase de validação e no aguardo de autorizações para a venda dos testes de diagnósticos. Castro comentou que, atualmente, as empresas que produzem os testes são de fora do Brasil e é preciso importar para que os pacientes sejam testados.
Com a aprovação do projeto, não será mais preciso fazer a importação, já que os testes poderão ser feitos no Amazonas, até distribuídos a outros Estados.
“Eu vejo esse nosso trabalho como uma quebra de dependência internacional. Se a gente for parar para pensar, hoje, há 572 registradas pela Anvisa que vendem testes para Covid. Todos, 100%, são internacionais. Então, por que não a gente produzir aqui no Brasil e quebrar essa barreira?”, questionou Castro.
*Por Patrick Marques