“As portas estão abertas”, diz pesquisadora sobre a representatividade feminina na ciência

No Amazonas, programas de pesquisas voltados para mulheres têm destacado o trabalho de muitas cientistas em todo o Estado.

No Amazonas, programas de pesquisas voltados para mulheres têm destacado o trabalho de muitas cientistas em todo o Estado. Kyara Formiga, pesquisadora e doutora em Genética, é uma delas.

Em 2021, coordenou um estudo voltado para o desenvolvimento de um kit para identificar postas e filés de piramutaba, uma espécie de peixe encontrado nos rios da Amazônia, apoiado via Programa “Mulheres e Meninas na Ciência”, edital nº 002/2021.

O objetivo da pesquisa foi identificar se as espécies vendidas nos supermercados e frigoríficos correspondiam de fato às espécies identificadas nas etiquetas dos produtos. Além da piramutaba, a pesquisa visa, em breve, elaborar kits para identificar mais seis espécies de peixes comercializados e vendidos em forma de postas e/ou filés na região Amazônica. Ao todo, 11 pessoas participaram direta e indiretamente do estudo. Dessas, 7 são mulheres.

“O desenvolvimento realmente foi, em grande parte, feito por mulheres de diferentes níveis. Nós temos estudantes de graduação, pós-graduação e as pesquisadoras, que têm atuado bastante nesse projeto”, destacou.

Pesquisadora Kyara Formiga do Inpa. Foto: Divulgação/Fapeam

Em 1999, quando a pesquisadora ingressou no meio científico, o espaço ainda era liderado, em sua maioria, por homens. Ela contou que, aos poucos, foi conquistando seu lugar.

“Quando eu entrei, não era um período em que se falava sobre a importância da permanência da mulher em diferentes áreas da pesquisa. Que eu me lembre, os pesquisadores que eram renomados, que estavam na linha de frente, eram homens”,

disse.

Nos laboratórios do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), a estudante de graduação em Ciências Biológicas, Lara Aquino, começou o primeiro projeto de pesquisa há dois anos. Bolsista da Fapeam, atualmente, estuda o impacto de células fúngicas no organismo dos seres humanos. 

A estudante contou sobre a experiência de trabalhar em um laboratório só com mulheres: “É muito legal, porque a interação é totalmente diferente. Parece que a gente se conhece há anos, amigas de longa data. É muito divertido mesmo”. 

Estudante de graduação em Ciências Biológicas, Lara Aquino. Foto: Divulgação/Fapeam

No mesmo laboratório, a estudante de doutorado, Claudia Patrícia, também bolsista da Fapeam, desenvolve um estudo voltado para a identificação do painel proteico de pacientes acometidos por Covid-19. Durante a pesquisa, descobriu que estava grávida. A bolsa da instituição é uma segurança para que ela possa administrar o lado materno e profissional.

“Eu tenho minha mãe que mora comigo. Ela me dá esse suporte e entra a questão da bolsa também. Com o valor, a gente consegue direcionar alguém para cuidar do meu filho, aí posso vir para a instituição e desenvolver a pesquisa”, ressaltou.

Estudante de doutorado, Claudia Patrícia. Foto: Divulgação/Fapeam

Investimentos

De 2019 a 2022, um total de 693 projetos coordenados por cientistas mulheres, na capital e no interior do Estado, foram apoiados em diversos editais da Fapeam. Os projetos contemplam o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas, a formação de recursos humanos, popularização da ciência, empreendedorismo de base tecnológica, entre outras áreas.

Em fevereiro deste ano, a Fapeam anunciou investimentos de mais de R$ 5 milhões em editais exclusivos para pesquisadoras no Amazonas. Os investimentos serão distribuídos entre os programas: 

Programa de Empreendedorismo Feminino em CT&I

Programa Mulheres +Stem

Programa de Desenvolvimento e de Inovação para Educação Básica (Prodeb/Inter Mulheres e Meninas na Ciência/Fapeam)

Programa de Apoio a Pesquisas Desenvolvidas por Mulheres no Setor Primário (Agromulher/Inter)

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