Amazonas enfrenta uma das piores estiagens dos últimos anos, informa CPRM

A vazante tem dificultado a navegação nos rios amazônicos e o abastecimento de mercadorias em diferentes municípios do Estado.

A seca enfrentada pelo Amazonas em 2022 já é considerada uma das maiores dos últimos anos, segundo pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O fenômeno extremo tem dificultado a navegação nos rios amazônicos e o abastecimento de mercadorias em diferentes municípios do Estado.

De acordo com a Defesa Civil, até o dia 18 de outubro, dos 62 municípios amazonenses, dois estavam em situação de emergência, 41 em estado de alerta e outros 19 em estado de atenção, incluindo a capital, Manaus.

Município de Manaquiri, no interior do Amazonas.  Foto: Divulgação/Prefeitura de Manaus.

Para Luna Gripp, do CPRM, a vazante deste ano já pode ser considerada uma das mais severas dos últimos tempos. “Em termos de Estado, pode-se dizer que sim [é uma das piores secas enfrentada pelo Amazonas]. Até porque, [o fenômeno] está afetando muitos municípios”, afirma a pesquisadora.

A maior seca da história do Estado foi registrada em 2010. Na época, o nível do Rio Negro, em Manaus, chegou a apenas 13,63 metros. Para se ter ideia, no período da cheia, este rio chega a atingir os 29 metros, na capital.

Municípios em situação de emergência

No município de Tefé, onde foi decretado situação de emergência por causa da estiagem, imagens mostram uma praia enorme no meio do rio Solimões. Dá para atravessar a pé de um lado para o outro. 

“Há comunidades isoladas tanto do rio Curimatá, quanto do Rio Tefé e do lago. Essas localidades estão ficando isoladas na questão acessibilidade de embarcação para o acesso de insumo e alimento”, afirmou a Defesa Civil.

As embarcações maiores, que abastecem a cidade com mercadorias e alimentos, já não conseguem navegar.

Outra cidade em situação de emergência é Benjamin Constant, a 1.118km quilômetros de Manaus. Na região, as casas flutuantes estão na terra, e há locais onde o rio virou um córrego.

Seca do Rio Solimões criou bancos de areia na extensão onde passavam as águas do rio.  Foto: Baltazar Ferreira

Mais da metade do Estado em situação de alerta 

Todo o Estado já sente os impactos da seca. Isso porque 41 dos 62 municípios do Amazonas estão em alerta, outros 19 em atenção e dois em emergência.

O Serviço Ge
ológico do Brasil (CPRM) diz que não há previsão de data, mas que as águas na maior parte do Estado ainda devem baixar pelas próximas semanas.

Seca no alto Solimões, no Amazonas. Foto: Rede Amazônica

Por que há rios secando no Amazonas?

Assim como a cheia, a vazante dos rios é determinada por diversos fatores. O principal é o volume de chuva. A umidade que sai do Oceano Atlântico é transportada para a bacia amazônica pelos ventos, mas este ano esse “rio voador” não foi suficiente para manter o nível dos rios.

“A temperatura do Pacífico e a temperatura da superfície do mar no Pacífico, ela vai determinar onde essa chuva vai ocorrer de forma predominante. A diferença de temperatura entre os oceanos vai determinar onde vai ocorrer essa precipitação [chuva] e isso é muito importante na determinação dos processos de cheia ou de vazante”, explicou Luna Gripp. 

Seca afeta comerciantes

Em Manaus, o Rio Negro ainda está baixando uma média de 23 centímetros por dia. Na região onde funciona um restaurante flutuante, a empresária Iolene Luz foi obrigada a fechar o estabelecimento por conta da descida drástica do nível da água.

Com a seca, os clientes precisariam descer uma rampa, caminhar por uma extensão de terra fofa e com lama, para chegar ao o flutuante que já está encalhando.

Iolene chegou a mudar o estabelecimento de lugar no rio, mas como está raso, ela desistiu de abrir o local durante a seca. “Agora a gente tem aqui bastante sol, aí o rio seca. Até um mês atrás a água estava lá em cima e, de repente, de uma hora pra outra, ele seca. E não tem como trabalhar com essa água barrenta. Quem é que vai querer tomar banho nessa água barrenta? Por isso que chega essa época eu resolvo mesmo fechar”, disse a empresária. 

*Por Daniella Branches, da Rede Amazônica AM

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