Pesca de pirarucu é proibida por três anos em área quilombola para preservar espécie no Amapá

Proibição da pesca do pirarucu ocorreu após MP receber denúncias feitas pela comunidade de Igarapé do Lago, em Santana. Medida busca recuperar fauna aquática da região.

Pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do mundo. Foto: Divulgação/Embrapa

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Amapá proibiu a pesca predatória do pirarucu nas comunidades quilombolas de Igarapé do Lago e São Sebastião do Igarapé do Lago, no município de Santana. A medida entrou em vigor no dia 2 de outubro e terá validade de três anos.

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A decisão foi tomada após denúncias de moradores sobre pesca ilegal, inclusive durante o período de defeso, com atividades noturnas voltadas à comercialização do peixe. Uma instrução normativa foi publicada pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP).

Segundo o MP, o objetivo é recuperar a fauna da região, que vem sendo afetada pela captura indiscriminada da espécie.

Leia também: Acordo de Pesca Marumaruá-Atapi recebe 1ª autorização de manejo do pirarucu no Amazonas

O que diz a instrução normativa

O documento, expedido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), proíbe:

  • Pesca, retenção, armazenamento, transporte, beneficiamento e comercialização do pirarucu — mesmo para subsistência
  • Pesca esportiva, industrial, subaquática e de mergulho de qualquer espécie na área

A norma permite a captura de peixes nativos definidos em legislação específica, desde que respeitado o período de defeso. Para o pirarucu, no entanto, toda e qualquer forma de pesca está proibida até 2028.

Participação da comunidade

A instrução foi elaborada com apoio da população local, por meio de reuniões, oitivas e estudos técnicos conduzidos pelo MP. A proposta é que os moradores atuem como vigilantes ambientais, ajudando a evitar crimes ecológicos.

No dia 11 de outubro, promotores de justiça e representantes da Defesa do Patrimônio Público estiveram nas comunidades para definir estratégias de atuação para os próximos três anos.

Uma das ações previstas é a criação de um plano de manejo do pirarucu, em debate entre o MP, a Sema e a Embrapa. A proposta busca garantir a preservação da espécie e o uso sustentável dos recursos naturais.

A fiscalização será feita pela Sema e pelo Batalhão Ambiental da Polícia Militar (PM). Instrumentos e embarcações usados na pesca ilegal poderão ser apreendidos.

pirarucu
Foto: Rodolfo Pongelupe

Pirarucu: símbolo da Amazônia

O pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de água doce do mundo. A espécie é protegida por lei durante o período de reprodução — de 1º de dezembro a 31 de maio — nos estados do Amazonas, Pará, Acre e Amapá.

Leia também: Nocaute do pirarucu! Afinal, o peixe é capaz de machucar gravemente uma pessoa?

Com reprodução diferenciada, o pirarucu forma casais, constrói ninhos e cuida dos filhotes. Por deixar poucos descendentes, a captura de adultos durante o defeso coloca em risco a sobrevivência dos filhotes, que ficam órfãos.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

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