Tomografia em fósseis: pesquisa busca informações inéditas de jacarés milenares que viveram no Acre

Os fósseis analisados são de quatro espécies de jacarés e as análises devem fornecer novas informações sobre esses animais, que serão publicadas nos próximos anos.

Um novo estudo deve fornecer informações inéditas sobre algumas espécies de jacarés que viveram no Acre há milhões de anos. A análise é encabeçada pelo pesquisador de pós-doutorado Giovanne Mendes Cidade, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que está no Acre, e envolve a ecologia e a alimentação dos jacarés . 

Os fósseis analisados são dos animais extintos que ficam no Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal do Acre (Ufac). E, para a análise, o material genético de quatro espécies foi levado até uma clínica de Rio Branco, onde foram feitas tomografias computadorizadas.

“As tomografias foram feitas porque elas podem ser usadas em softwares que permitem a reconstrução da musculatura desses jacarés extintos, bem como estimativas sobre o quanto esses jacarés conseguiam abrir a boca (mandíbula) e sobre qual era a força de mordida desses jacarés extintos. Com isso, podemos saber como eles se alimentavam, que animais eles comiam, como eles faziam para capturar os animais que eles comiam, entre outros fatores”, explica.

Foto: Giovanne Mendes/Acervo pessoal

As tomografias foram feitas nos dias 22 e 24 de outubro. O resultado desse estudo, que tem como previsão ser publicado entre 2024 e 2025, deve ser divulgado em artigos de revistas científicas internacionais. “São informações inéditas sobre essas espécies”, destaca.

Além do Acre, em agosto o pesquisador foi ao Museu Nacional do Rio de Janeiro fazer tomografias de crânios e mandíbulas de jacarés atuais (não fósseis) da coleção de herpetologia da instituição. 

“Ano que vem, pretendo ir ao Field Museum of Natural History, em Chicago, e ao Los Angeles County Museum, em Los Angeles, ambos nos EUA, também para fazer tomografias de jacarés atuais e fósseis”, adianta.

Foto: Giovanne Mendes/Acervo pessoal

A Ufac contribuiu com a logística de transporte e com toda a ajuda para o estudo de fósseis no laboratório, especialmente os professores Carlos D’Apolito e Edson Guilherme, e os alunos do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Ufac.

“Tenho trabalhado com fósseis da Ufac desde que eu era estudante de graduação. Temos feito projetos sobre a evolução, anatomia e taxonomia dos vários jacarés fósseis do Acre. Participei do estudo que descobriu o Acresuchus como uma nova espécie, publicado em 2019, e atualmente estamos desenvolvendo estudos que identificarão novas espécies de jacarés fósseis do estado do Acre”, finaliza.

Pesquisador está no Acre para analisar fósseis de jacarés que viveram no estado há milhões de anos. Foto: Giovanne Mendes/Acervo pessoal

*Por Tácita Muniz, do g1 Acre 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

O futuro incerto dos botos da Amazônia no meio de uma seca histórica

Este ano, a seca dos rios amazônicos já é pior que a de 2023, quando 209 botos-cor-de-rosa e tucuxis foram encontrados mortos no Lago Tefé, no Amazonas, em grande parte devido ao superaquecimento das águas.

Leia também

Publicidade