“Pimentas nucleares”: Agrônoma acreana aposta no plantio das pimentas consideradas mais ardidas do mundo

A engenheira agrônoma Juliana Pinheiro começou a cultivar as pimentas nucleares há um ano e meio, depois de conhecê-las durante viagens e pesquisas.

Carolina Reaper, Trinidad Scorpion e Bhut Jolokia. Se você gosta de uma boa pimenta, de sentir um ardor daqueles na boca, essas três variedades com certeza são a sua praia, pois são consideradas as três mais ardidas do mundo, segundo o Guinness, e chamadas de “pimentas nucleares” pelo status de maior ardência.

E foi pensando em apimentar o paladar dos acreanos, que a engenheira agrônoma Juliana Pinheiro começou a cultivar as “pimentas nucleares” e fazer molhos “super, super picantes”. 

Por causa da ardência das pimentas, é preciso usar luvas durante a manipulação delas. Foto: Juliana Pinheiro/Arquivo pessoal

Juliana é engenheira há 12 anos e dona de uma empresa de produção de mudas de frutíferas e pimenteiras nucleares. Ela conta que produz as pimentas no Acre há um ano e meio e é pioneira na produção destes tipos de pimentas. Ela explica que as consideradas “pimentas nucleares” são aquelas que ultrapassam um milhão de unidades Scoville Heat Units (SHU), que é o status de ardência.

“Conheci a pimenta Carolina Reaper em uma viagem que fiz a São Paulo, onde obtive o contato de fornecedores das sementes originais e resolvi plantar no Acre. Comecei a produzir as plantas em vaso e depois passei a produzir no chão, no município de Acrelândia, onde fica minha estação de experimentos”, conta.

Cada garrafinha de molho custa R$25 reais. Foto: Juliana Pinheiro/Arquivo pessoal

Ela esclarece que as pimentas se adaptam bem aos solos do Acre, porém, não toleram sol intenso, por isso precisam de um cuidado maior. “[As pimentas] se adaptam bem ao solo (pH entre 6,0 e 6,5), mas requerem 50% de luminosidade apenas, sendo necessário o uso de telas de sombreamento. Porém, são plantas de ciclo anual, onde reduzem drasticamente a produtividade, necessitando renovação das plantas [novo plantio]”, explica.

Por causa da ardência das pimentas, a agrônoma diz que é preciso manipulá-las de luvas. “É porque elas queimam muito, tem um comparativo, por exemplo, enquanto uma pimenta malagueta tem 150 mil unidades, a nuclear tem acima de mais de 1,5 milhão de unidades de ardência, então, ela queima muito e causa queimaduras na pele se você não tiver cuidado”, adverte.

Produção e venda de mudas e molhos

Ela acredita que as pimentas devem estar disponíveis para venda em dois meses e que por enquanto foca na venda dos molhos que custam R$ 25 cada embalagem de 50 ml.

“Os molhos estão disponíveis para venda. Eu produzo em parceria, forneço as pimentas e eles processam o molho. Em relação às pimenteiras, vendemos desde sementes, mudas, e estamos também produzindo os molhos. Hoje tenho 252 em sementeiras, que estarão disponíveis para venda dentro de dois meses”, diz. 

Bhut Jolokia é considerada a terceira pimenta mais ardida do mundo. Foto: Juliana Pinheiro/Arquivo pessoal

Juliana explica que está em fase de transição de sua estação de experimentos de um município para o outro. “Minha estação de experimentos fica em Acrelândia, no ramal do Granada. O que acontece, as pimentas nucleares têm um período de produção anual e aí com um ano a gente tem que trocar as mudas para manter o tamanho do fruto, mantendo a produtividade, você tem que estar renovando essas matrizes. Devido à distância, por Acrelândia ser longe de Rio Branco vou desativar a unidade e trocar para uma em Senador Guiomard que é mais próximo da capital”, explica.

Na nova unidade ela vai ampliar as mudas e aumentar a produção. “Em Acrelândia eu tenho oito mudas, então os molhos estão sendo produzidos destas oito mudas que ainda estão em produção. Nessa nova área que a gente adquiriu vai ser implantado o novo cultivo de pimentas nucleares com novas mudas”, acrescenta.

Pimentas nucleares

  • Carolina Reaper – É atualmente considerada a mais forte do mundo. Foi criada por Ed Currie, na cidade de Fort Mill, Carolina do Sul, EUA do cruzamento das pimentas Habanero e Bhut Jolokia, que também estão entre as mais ardidas do mundo. Ela oferece uma média de 1.569.300 Scoville Heat Units (SHU), número confirmado pelo Guinness World Records.
  • Trinidad scorpion – De acordo com o Guinnes, a classificação de calor da Carolina Reaper superou a ex-recordista Trinidad Scorpion cultivada pela The Chilli Factory, na Austrália, que foi avaliada em 1.463.700 SHU em março de 2011;
  • Bhut Jolokia – É uma pimenta de origem indiana considerada a terceira pimenta mais forte do mundo, com 1.304.000 SHU.

*Por Janine Brasil

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