Líderes indígenas se posicionam contra construção de estrada entre Acre e Peru

Eles falaram sobre a construção da estrada que vai cortar o Parque Nacional Serra do Divisor e várias terras indígenas durante o Festival Puyanawa, no município de Mâncio Lima.

Durante a festividade na Aldeia Puyanawa no Vale do Juruá, no Acre, líderes indígenas falaram da preocupação com os impactos que podem acontecer com a construção da estrada entre o Estado e o Peru. Visitantes de várias regiões do Brasil e do exterior acompanharam o Festival Atsa, que ocorreu  de 18 a 22 de julho no município acreano Mâncio Lima.

O festival é considerado a maior festa tradicional do Povo Puyanawa. O nome ‘Atsa’ significa macaxeira e é justamente o que eles celebram, já que o alimento é a principal fonte de renda da comunidade.

O cacique Joel Puyanawa é um dos líderes indígenas que são contra a construção da estrada. Ele afirmou que os povos da floresta nunca foram consultados sobre a rodovia e que a obra vai trazer uma grande devastação para os indígenas.

“Sou contra. A devastação que vai trazer é muito grande, e nunca fomos consultados. Se alguém tivesse feito uma consulta, perguntado a nossa posição eu saberia dizer”,

declarou.

Indígenas são contra construção da estrada que vai cortar o Parque Nacional Serra do Divisor e várias terras indígenas entre o Acre e Pucallpa. Foto: Bruno Vinicius/Rede Amazônica AC

A estrada vai cortar o Parque Nacional Serra do Divisor, que fica no Vale do Juruá, e várias terras indígenas para ligar o Acre a Pucallpa (Peru). Em novembro de 2019, foi dado início ao trabalho com a abertura de uma trilha de cerca de 90 quilômetros até o município peruano de Pucallpa. Desde então, foram desencadeadas várias discussões. Um estudo, inclusive apontou que a estrada deve gerar um prejuízo social de R$ 960 milhões.

O projeto também afetaria negativamente as comunidades indígenas, incluindo etnias em isolamento voluntário, e áreas importantes em termos de significância ecológica, como o Parque Nacional da Serra do Divisor.

Outro líder que também se posicionou contra a construção cacique do Povo Nukini, Paulo Almeida. De acordo com o cacique, a estrada só gera benefícios a um grupo de pessoas. “Terá a negatividade disso por conta que os impactos não afetam só nossa vida financeira, mas também nosso meio ambiente, nosso rio, floresta, animais. Tudo vai ficar mais escasso”, lamentou.  

Festival Atsa Puyanawa 

O Festival Atsa Puyanawa reúne turistas, mostra cultura e tradição com cantos, dança, comidas típicas, pinturas, brincadeiras de arco e flecha, inclusive a caiçuma, uma bebida tradicional. É considerada a maior festa tradicional do povo Puyanawa. O nome ‘Atsa’ significa macaxeira e é justamente o que eles celebram, já que a iguaria é a principal fonte de renda da comunidade. Por isso, o que não falta durante a festa são comidas típicas, derivadas da macaxeira.

Da macaxeira é feita sopa, caiçuma, tapioca, bejú, mingau, farinha, massa de carimã entre outros. Além disso, também estão presentes outras comidas típicas como peixe assado na folha, farinha de coco, farinha de tapioca.

Também tem show tanto em português como na língua tradicional, conhecimento e uso da medicina, costumes, cultura, conhecimentos da floresta, onde os visitantes fazem trilha, e as pessoas vão para a mata conhecer o cipó da ayahuasca.

O festival, além exaltar a cultura dos povos indígenas, também movimenta a economia na região do Juruá, com a presença de turistas que vão até local para acompanhar o evento.

*Bruno Vinicius e Alcinete Gadelha, g1 Acre

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