Descubra como funciona a programação mental de selecionadores

Descobrir os segredos da menta humana sempre foi como um labirinto, que é complexo, confuso e, em muitos casos, nos deixa perdidos. Alguns estudos técnico-científicos sempre tiveram dificuldades de entender a complexidade geral de reações, ações, escolhas, preferências e assim por diante. Não é a toa que até hoje muitos cientistas ainda realizam descobertas, que quase sempre, nunca foram vistas na história do mundo.

Há quem diga que a mente humana é variável, e está certo. No entanto, muitos fatores humanos funcionam com uma única forma em qualquer lugar do mundo, independente de cultura, hábitos, crenças ou afins. A mente se divide em duas etapas: a exata e a variável. Abaixo descrevo um pouco sobre isso:

– Exata: sabe que 1+1 é 2, que o azul é o azul, que o vermelho é vermelho, que um círculo é um círculo. Nesse ponto da mente da humana não há variações. 1+1, por exemplo, nunca será 3, independente de qualquer circunstância. Assim como o azul nunca será vermelho. O azul é azul.

– Variável: nesse campo mental podemos considerar as reações. Se você está com fome, a sua mente vai ficar estressada ou enérgica. Se não está, não ficará estressada, nem enérgica, pois a tendência é que o corpo fique mais calmo, pois está atuando no processo de digestão. Ou seja, são processos de reações. Outro exemplo? Se você está em perigo, a sua reação pode ser correr, ou ficar parado, ou tentar se proteger com a auto-defesa. São 3 reações imprevisíveis e completamente variáveis.

Agora que entendemos alguns pontos da menta humana, vamos entrar no assunto em si. Muitos profissionais que estão em busca de recolocação não entendem algumas situações como enviar muitos currículos e nunca ser chamado(a), ser chamado(a) para entrevistas mas não ser aprovado(a), se sair bem nos testes mas não ser contratado(a), e tantos outros.

Abaixo vou listar como funciona a menta de quem seleciona e negocia. Dessa forma, você conseguirá se pode estar errando em algum momento ou não:

– CURRÍCULO SEQUENCIAL E DIRECIONAL: nesse quesito existe duas programações que qualquer mente possui: a sequencial e direcional. Resumindo, isso quer dizer que a menta humana funciona sempre de cima para baixo e da esquerda para a direita. Essa é a ordem natural de qualquer leitura. Por isso, é fundamental colocar as experiências profissionais da mais recente para as mais antigas, de cima para baixo. Dessa forma você estará criando a indução de continuidade da leitura. Vai criar prazer no processo de visualização do(a) selecionador(a). Caso contrário, fará o(a) selecionador(a) rolar todas as páginas até o final, para assim, chegar na experiência mais recente.

– DESCRIÇÕES DE CURRÍCULO: existe um hormônio chamado cortisol, que é responsável pela geração do estresse e é produzido na parte superior de uma glândula chamada supra-renal. Mesmo sem percebermos, ele é ativado após a mente ficar em um ponto visual por mais tempo, gerando a fadiga visual. Quando um(a) selecionador(a) começa a ler um currículo, precisa de alguns pontos de praticidade. Essa busca é feita por olhares cirúrgicos em alguns itens específicos. Se algum desses itens, seja descrições ou frases passarem de 3 segundos, sem que seja percebido, o cortisol desse(a) selecionador(a) começa a ser ativado. Dessa forma, cria um ambiente e sensação de que aquela é uma leitura cansativa.

– RECLAMAR DE EMPREGO ANTERIOR DURANTE A ENTREVISTA: esse é um ponto sempre negativo e que desclassifica muitos profissionais em processos seletivos. Quando um(a) profissional fala sobre a sua experiência anterior e critica o chefe, o colega de trabalho, os fornecedores, a rotina da função e outros aspectos, a primeira leitura que o(a) recrutador(a) tem é: “Se ele(a) reclama da empresa que trabalhava, vai fazer isso conosco também e falar mal de nós no mercado”. A tendência é quase total que esse(a) profissional seja desclassificado(a). É claro que muitas empresas precisam melhorar muito, porém, não é um assunto para uma entrevista de emprego.

– DINÂMICA OU TESTE DE CENÁRIOS: vamos imaginar que você está participando de um processo seletivo para Técnico(a) de Manutenção Corretiva de Máquinas, que tem como característica resolver problemas surgidos de forma inesperada. Durante o processo da entrevista, a pessoa que está recrutando lhe coloca em um cenário de caos e pergunta: “O que faria se você saísse daqui e o mundo estivesse acabando?”. Qualquer resposta que demore, ou seja titubeada ou se houver alguma reação de que não saberá o que fazer, dificilmente passará para a próxima fase, e lhe explico o motivo. Um(a) profissional de Técnica de Manutenção Corretiva é alguém que precisa agir rápido, em segundos, sem perder um milésimo de tempo sequer. Se após a pergunta a reação for demorada, o profissional de RH será induzido à ideia de “Se ele não sabe agir com rapidez em situações de caos, dificilmente fará um bom trabalho na função técnica de manutenção corretiva”.

– FALAR QUE QUER TER O NEGÓCIO PRÓPRIO NO MESMO SEGMENTO DA EMPRESA: para muitos selecionadores não há problema em receber um(a) profissional que pensa em ter um negócio próprio. Mas vamos imaginar que o negócio próprio pretendido é no mesmo ramo de atuação da empresa? Exemplo: João é engenheiro civil e se candidatou para a vaga de Engenheiro Civil na X Construtora. Chegando na entrevista, ele diz que pretende ter uma construtora própria. O primeiro alerta que a mente do(a) recrutador(a) vai dar é: “Ele quer ter um negócio própria na mesma área. Será que pode vir para cá e levar os nossos clientes?”. A possibilidade de isso acontecer pode gerar a desclassificação. Por um lado, esse ponto pode ser interessante, pois mostra a vontade de crescimento do(a) profissional. Mas me diga: quem vai contratar um futuro concorrente?

Se considerarmos os 5 pontos acima conseguiremos ter um desempenho melhor em processos seletivos, que normalmente são definidos por pequenos detalhes que, quase sempre, achamos que são insignificantes. Precisamos estar em alerta com o que falamos, sempre.

*Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação e Reelaboração Curricular.

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