Biotecnologia X Bioeconomia: construindo a sustentabilidade na Amazônia

“Ao lançar mão das técnicas e ferramentas disponíveis e utiliza-las de forma responsável, a biotecnologia pode desempenhar um papel importante para explorar e valorizar os recursos amazônicos e atingir as metas da sustentabilidade”.

A Amazônia tem sido alvo de intensos debates sobre como conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Nesse contexto, a biotecnologia emerge como uma ferramenta poderosa, capaz de impulsionar a bioeconomia regional enquanto se alinha aos princípios definidos nas Metas do Milênio , estabelecidas em 2000 (Nações Unidas), que identificaram como prioritária para o futuro da humanidade a adoção de um novo paradigma chamado desenvolvimento sustentável.

A bioeconomia, um conceito que busca utilizar de maneira sustentável os recursos biológicos, encontra na Amazônia um vasto campo de atuação. O grande armazém de biodiversidade existente na região guarda um imenso tesouro ainda inexplorado de biomoléculas e microrganismos com potencial biotecnológico.

Ao lançar mão das técnicas e ferramentas disponíveis e utiliza-las de forma responsável, a biotecnologia pode desempenhar um papel importante para explorar e valorizar os recursos amazônicos e atingir as metas da sustentabilidade.

Na agricultura, por exemplo, a combinação de diversas tecnologias pode desempenhar um papel fundamental na conservação do solo, na economia de água e na proteção dos habitats e da biodiversidade. Essa abordagem é essencial para garantir a produção de alimentos, especialmente em estados como o Amapá, que dependem significativamente da importação de produtos alimentícios. No entanto, essa transformação requer um esforço concentrado para tornar a agricultura não apenas ambientalmente correta, mas também economicamente viável e dinâmica.

Foto: Olímpio Guarany/Acervo pessoal

Recentemente entrevistei o pesquisador e diretor do grupo Logos de Santa Catarina, Sérgio Augusto Parastcuk que desenvolveu o fertilizante orgabomineral Classe A. Ele afirma que “utlizando uma tecnologia única no planeta, pois além de atuar como fertilizante o produto possibilita a abertura dos estômatos das folhas das plantas que começam a absorver mais energia solar no seu processo de fotossíntese. A planta consegue quebrar a cadeia de hidrogênio levando umidade para o solo, oportunizando que os fungos bons proliferem e permitam maior enraizamento, melhoria da imunidade da planta, produtividade e diminuição de pesticidas e fungicidas”. Este tipo de tecnologia representa um passo significativo na direção certa, alinhando-se com o conceito de economia verde.

Essa abordagem integrada que combina técnicas agrícolas tradicionais com inovações baseadas em biotecnologia, tem o potencial de revolucionar a agricultura, tornando-a mais sustentável e resiliente. Ao investirmos em soluções como essa, estamos não apenas garantindo a segurança alimentar no presente, mas também protegendo os recursos naturais para as gerações futuras.

Outro exemplo concreto dessa transversalidade entre biotecnologia e sustentabilidade é o desenvolvimento de bioprodutos a partir de espécies nativas. Com o uso de técnicas biotecnológicas é possível extrair e purificar substâncias com potencial farmacêutico, cosmético ou nutracêutico, gerando não apenas produtos de alto valor agregado, mas também incentivando a conservação da biodiversidade.

Portanto não podemos perder de vista essa possibilidade da biotecnologia contribuir para a melhoria dos processos produtivos em setores tradicionais da economia amazônica, como a agricultura e a aquicultura.

É preciso ter em mente que o desenvolvimento biotecnológico na Amazônia deve ser baseado por princípios éticos e ambientais. Outro detalhe: o respeito ao conhecimento tradicional das comunidades locais, a promoção da inclusão social e o monitoramento dos impactos ambientais são aspectos essenciais para garantir que a biotecnologia contribua efetivamente para a sustentabilidade da região.

Resumindo: a transversalidade entre biotecnologia e sustentabilidade oferece um caminho promissor para o desenvolvimento da bioeconomia amazônica, gerando benefícios econômicos, sociais e ambientais que promovam um desenvolvimento verdadeiramente sustentável da Amazônia.

Sobre o autor

Olimpio Guarany é jornalista, documentarista e professor universitário. Navegou o rio Amazonas desde a sua foz, alguns afluentes, subiu o rio Napo (Peru e Euqador) e chegou ao sopé da cordilheira dos Andes depois a Quito/Equador (2020-2022), refazendo os caminhos de Pedro Teixeira, o conquistador da Amazônia (1637-1638), numa jornada histórica.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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