A metáfora que não deu certo, mas que deu certo

Confirmei que comunicação não é o que transmitimos, mas o que o outro entende. A mosca azul aparece de maneira diferente para cada um. O que você entende por mosca azul, caro leitor?

No artigo passado, confessei minha verdadeira fobia a insetos que, às vezes, beira o ridículo. Alertei, no entanto, para um tipo de inseto que poderia ser o mais perigoso de todos: a mosca azul. Alguns leitores questionaram: oque seria a mosca azul? Da editoria de um dos veículos onde os meus artigos são publicados, recebi uma gentil mensagem afirmando terem percebido uma conotação política no texto, o que contrariaria o objetivo do espaço. Precisei explicar que não, não havia nenhuma intenção política, embora, pensando depois, percebi que eles não deixavam de ter uma certa razão, pois a política é uma das áreas mais infestadas por moscas azuis. 

Mas não é a única. Na mídia, na academia e nas empresas, elas também encontram um terreno fértil para procriar. Mas, voltando ao artigo, um leitor amigo disse simplesmente: “Não entendi. O que seria a mosca azul?”. Respondi que preferia que ele mesmo concluísse. A partir daí, ele fez diversas considerações inteligentes e criativas sobre a mosca azul, indo muito além do significado que eu pretendia. Ao final, me parabenizou e disse ter suspeitado que seria esta a minha intenção, o de provocar os leitores, sobre o que seria a mosca azul. Sugeriu que isto poderia gerar engajamento ao artigo, estimulando os leitores a se manifestarem sobreo tema. Não, não era a minha intenção inicial. Mas também aqui ele tem razão. A mosca azul aparece de maneira diferente para cada um. 

Foto: Reprodução/LinkedIn

Um outro comentário: Considerando que ela nos diz tudo o que queremos ouvir, nos aliena, nos vicia, ela pode ser muitas coisas. Como, por exemplo, o conforto da sensação de termos o controle dos acontecimentos, da segurança no trabalho, do plantio sem a colheita…entre outras coisas”. De novo, muito além do que eu imaginara e excelentes reflexões.

Uma leitora se manifesta: “Minha mosca azul foi um bom emprego, meu primeiro trabalho com carteira assinada. O salário é bom e o cargo de prestígio. Os benefícios são vários, inclusive direito a creche para minha filha, previdência privada e um ótimo plano de saúde. Qual o problema? A questão é que não estou feliz. Sinto saudades do tempo em que não tinha chefe, mas clientes. Mas como abrir mão de tudo isso? A mosca azul me pegou de jeito”. 

Não faltou quem defendesse a mosca azul. “Sim, ela pode ser perigosa, mas favorece a autoestima. É melhor ser picado pela mosca azul do que ser alguém que sempre se enxerga pior do que é”. Ou o comentário: “A mosca azul ajuda a ter resiliência. Ela nos lembra que uma derrota é sempre passageira e que, se persistirmos, poderemos dar a volta por cima”.

Muito obrigado por cada uma destas ideias. Confirmei que comunicação não é o que transmitimos, mas o que o outro entende. O que você entende por mosca azul, caro leitor? Para mim, foi uma metáfora que, não dando certo, pelos questionamentos e reflexões que gerou, deu muito certo. 

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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