Animais se refugiam em centro de pesquisa para buscar comida e fugir de enchente na Ilha do Bananal, no Tocantins

Veados, caititus, cotias e antas são vistos com frequência no centro de pesquisa Canguçu da Universidade Federal do Tocantins (UFT). 

Animais silvestres têm buscado refúgio no Centro de Pesquisa Canguçu, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em meio a enchente na Ilha do Bananal. Um vídeo feito pelo biólogo e coordenador do centro, Renato Pinheiro, mostra veado, caititu, cotias e antas passeando pela área e se alimentando no local.

As imagens foram feitas no fim de semana passado, no centro que fica na região do Cantão, em frente à maior ilha de água doce do mundo. Segundo o biólogo, a ilha está alagada. Por causa disso, os bichos atravessam o rio Javaés em busca de abrigo.

Foto: Reprodução

“São animais comuns na região, alguns veados e caititus como os que aparecem no vídeo tem saído da ilha que está alagada e se arriscando ao atravessar o rio Javaés. Eles vêm para o lado de cá do rio que é mais alto e tem partes seca e com alimento”,

explicou.

Entre dezembro e abril, o nível do rio Javaés sobe até 10 metros. Segundo o biólogo, o fenômeno é normal nessa época. Tanto que ele já registrou outros flagrantes de animais durante as enchentes. 

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Em 2020, Túlio flagrou, por exemplo, o momento em que uma ave resiste e não abandona o ninho, mesmo sendo ameaçada pela água. Nesse caso, a resistência da Cigana foi em vão. O ninho foi inundado e ela acabou perdendo os ovos, disse o profissional 

“A espécie procria entre final de dezembro e abril e coincide com esse período de chuva. Então, as aves menos experientes, muitas vezes, fazem ninhos no andar mais baixo da vegetação e acabam sendo inundados. Ao passo que os indivíduos mais antigos têm mais experiência e fazem os ninhos numa maior altura. Anualmente, são perdidos alguns ninhos dessa espécie por conta das inundações”.

Renato disse que a equipe de pesquisadores já chegou a resgatar ninhos para colocar em partes mais altas da vegetação.

“Em algum momento tivemos sucesso no sentido de que os pais continuaram chocando os ovos e o filhote nasceu. Mas isso é coisa rara de acontecer. E como fazemos o monitoramento da população precisamos saber quantos ninhos são perdidos e quais as causas de perda, se é por inundação ou predação”.

A cigana é uma espécie amazônica e, por isso, pode ser encontrada no Tocantins apenas na transição do Cerrado para a Amazônia. Indivíduos da espécie habitam próximo ao rio Araguaia, rio Javaés e parte do rio Tocantins. 

Foto: Renato Pinheiro/Divulgação

 Uma curiosidade é que a ave se alimenta apenas de folhas, explica Renato.

“Ela é a única ave do gênero dela por alguns motivos e o principal, é que ela se alimenta só de folhas e o sistema digestivo lembra o de uma vaca, que ingere o material vegetal, forma um bolo que passa de um estômago para o outro”.

Outra peculiaridade é que a ave tem uma garra na asa, uma espécie de dedo, segundo o biólogo. “O filhote para se proteger de predadores, ele pula na água e mergulha. Aí ele vem vegetação e se agarra com esse dedo pré-histórico que ele tem”.

A cigana é grande e vistosa. Vive na vegetação marginal dos rios. Pode ser vista em bandos de 40 a 60 aves.

“São barulhentas e vivem em uma comunidade organizada que acabam se ajudando, principalmente na época de reprodução. Elas acabam defendendo os ninhos daqueles indivíduos mais próximos”, finaliza o especialista.

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