A inteligência artificial e a humanidade

Estamos cada vez mais conectados, mais integrados em um único sistema global. Nossa fragilidade está cada vez mais exposta?

Ao longo dos últimos meses, muito tem sido debatido sobre as possibilidades do Chat GPT e tantas outras ferramentas que colocam a tecnologia em funções que eram exclusivamente humanas. É importante reiterar que essas ferramentas não surgiram agora. Elas e muitas outras estão em desenvolvimento há muitas décadas e, em breve, novas trends tecnológicas surgirão em nosso cotidiano.

Como humanista e empreendedor, meu olhar está sempre direcionado em entender como as tecnologias podem contribuir para uma sociedade com mais oportunidades para as pessoas e, consequentemente, mais desenvolvida.

Nos encontramos, neste exato momento, na transição para uma economia global mais aderente às regras e aos parâmetros do ESG – resultando em uma corrida desenfreada e, por vezes, recheada de greenwashing, por parte das organizações.

Muitos ainda confundem e acham que ESG é a mesma coisa que Sustentabilidade. Todavia, é importante dizer que a diferença é bem tênue, mas ela existe. E muda a perspectiva de ação… mas isso ainda será tópico em uma outra oportunidade!

Atualmente, estamos todos atentos e preocupados com as emergências climáticas, a busca por processos ecoeficientes, utilização mais responsável dos recursos naturais e transição para uma energia verde, dentre outras questões que envolvem natureza, seus recursos e seu uso pelas ações humanas.

Pense comigo: se todos os habitantes do planeta Terra fizessem uma substituição total na frota de carros à combustão para carros elétricos, não haveria energia elétrica suficiente no mundo. Logo, essa transição deverá levar algo em torno de 20-30 anos.

Foto: Alexander Sinn/Unsplash

Mas o ponto que gostaria de destacar é que devemos estar mais atentos à evolução da Inteligência Artificial porque o avanço exponencial da tecnologia é desproporcional ao avanço regulatório e de segurança desta incrível ferramenta. Assim como o exemplo da transição dos carros elétricos, penso que o avanço do uso de ferramentas tão poderosas seria mais eficiente e cuidadoso se fosse feito em um período mais longo de tempo do que está sendo feito agora.

Todos os dias, somos testemunhas de novas aplicabilidades. Vemos avanço cada vez mais veloz da tecnologia na criação de textos, imagens, obras de arte e até mesmo vídeos utilizando o rosto e a voz de outra pessoa.

A pergunta que sempre faço é: e se a tecnologia for utilizada para fins não éticos? Ou com intenções de prejudicar uma nação? Uma empresa? Ou até mesmo ter a intenção de prejudicar você?

Estamos cada vez mais conectados, mais integrados em um único sistema global, logo a nossa fragilidade está cada vez mais exposta. Pois, a Inteligência Artificial supera qualquer um de nós ou até mesmo toda a humanidade junta em um ponto muito específico: a integração das inteligências – que confere a essa ferramenta uma capacidade de processamento em alta velocidade, concentração e criação de cenários que levaríamos imensuráveis tempos a mais para atingir.

Existe uma fala até filosófica como defesa daqueles que estão densamente envolvidos no desenvolvimento da Inteligência Artificial: os danos podem ser evitados por meio de uma ética programável para que todas as tomadas de decisões moralmente correspondentes às humanas.

O ponto é: quem define o que é ético? quem define o que é moralmente aceitável para a humanidade?

Longe de mim querer ser um mensageiro do apocalipse. Não é essa a intenção. Pelo contrário: o objetivo é provocar reflexões e inflexões sobre como podemos fazer perguntas melhores em nossa caminhada tecnológica, preservando todos – humanos ou não.

Logicamente, não são as máquinas de agora que me causam essa preocupação, mas sim as máquinas que serão desenvolvidas a partir dessas novas tecnologias cotidianas e futuras. Porém, como sempre digo: toda escolha traz uma angústia. Ou seja, sempre haverá o lado positivo e o lado negativo em tudo.

Vejamos o exemplo das pesquisas da física nuclear, que possibilitaram a geração de energia elétrica, que proporcionou o desenvolvimento de diversos países, em especial o Japão. E esse mesmo país foi vítima da tecnologia que, inicialmente, não tinha a intenção de fazer bombas nucleares. Aqui, percebemos que não é possível seguirmos um caminho que possibilite somente agradáveis consequências. É necessário ter consciência de tudo.

Para finalizar, reitero que não sou contra o avanço tecnológico – pelo contrário, acredito que a tecnologia possibilitará a construção de uma sociedade mais harmônica, pacífica e igualitária. Contudo, se faz necessário um papel mais vigilante de todos nós. Acima de tudo, que possamos desenvolver o nosso pensamento crítico, pois ele é fundamental para essa nova fase da existência humana. 

Sobre o autor

Vitor Raposo é Humanista e Empreendedor. Doutorando e Mestre em Ciências da Educação pela Facultad Interamericana de Ciências Sociales – FICS; especialista em Inovação e Negócios pela Nova Business School, em Gerenciamento de Projetos pela FGV e em Gestão Estratégica de Negócios pela UCB. Fundador da Hayashi, sócio da TravelCorp e da Sala VIP Harmony Lounge no Brasil e da Rede Consultoria Educacional em Portugal. Atua como voluntário no Capítulo Amazônia do Project Management Institute (PMI-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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