Cobra com até 20 centímetros é uma das menores encontradas na Amazônia

A Epictia tenella vive escondida embaixo da terra e, por ter limitações em função do tamanho, sua alimentação é composta basicamente por formigas e cupins.

Muitas pessoas temem as cobras por conta do tamanho, como no caso da sucuri. Mas não são só cobras gigantes que vivem na Amazônia. Uma das menores cobras da região é popularmente conhecida como cobra-cega (Epictia tenella).

“Ela pode medir entre quinze e vinte centímetros quando adulta”, conta o biólogo do Projeto Suaçuboia e aluno de doutorado em Ecologia no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Igor Yuri Fernandes. “As que já encontrei aqui na Amazônia mediam entre dez e doze centímetros, adultas”, relata Igor.

Leia também: Portal Amazônia Responde: Qual a maior cobra do mundo?

De acordo com o pesquisador, ela vive escondida embaixo da terra e, por ter limitações em função do tamanho, sua alimentação é composta basicamente por formigas e cupins.

“E ela é inofensiva, não possui veneno. Nem se ela quisesse, estivesse muito brava, conseguiria morder alguém, de tão pequena que ela é”, 

afirma.

Epictia tenella. Foto: Igor Yuri Fernandes

Hábitos

Essa espécie pode aparecer com mais frequência no período chuvoso, quando o solo encharca e os túneis onde elas vivem costumam ficar alagados. “Ela é encontrada normalmente em áreas florestais, mas como elas são animais fossoriais [que se deslocam e vivem embaixo da terra], elas podem estar em uma infinidade de lugares e podem ocorrer em toda Manaus, por exemplo”, comenta o biólogo.

Leia também: Portal Amazônia responde: Cobra e serpente são diferentes?

Outra curiosidade sobre essa cobra é como ela faz para escapar quando se sente em perigo. “A estratégia de defesa dessa cobrinha é que, como ela não tem mordida para ajudar, a pontinha da cauda dela é amarela e ela tem uma escama chamada espinho caudal, que ela espeta no predador, para trazer a sensação que ela está mordendo, mas na verdade é só a cauda dela espetando para assustar”, explica Igor Fernandes.
Foto: Igor Yuri Fernandes

Descrição

De acordo com o ‘Guia de Cobras da região de Manaus – Amazônia Central‘, dos pesquisadores Rafael de Fraga, Albertina Pimentel, Ana Lúcia Prudente e William Magnusson, publicado pelo Inpa, na região de Manaus apenas a Epictia tenella (Klauber,1939) é conhecida dessas cobras que fazem parte da família Leptotyphlopidae.

“A família Leptotyphlopidae atualmente é representada por 12 gêneros, dos quais três ocorrem no Brasil, e aproximadamente 115 espécies, das quais 18 ocorrem no Brasil. Estão distribuídas do sudeste dos Estados Unidos até a Argentina, exceto nos Andes. No Velho Mundo são conhecidas para o Oriente Médio e norte da África. Esta família está inserida na infraordem Scolecophidia, um agrupamento formado por cobras que não conseguem deslocar os ossos da estrutura mandibular e por isso se alimentam apenas de presas pequenas, como cupins e formigas”, descrevem no guia.

Foto: Igor Yuri Fernandes

E são justamente as espécies dessa família as que são consideradas as menores cobras do mundo, pois, em geral, medem menos de 30 centímetros.


O guia também descreve que a “extremidade da cauda possui uma escama enrolada e pontiaguda, que é frequentemente utilizada em um comportamento defensivo no qual as pequenas cobras simulam um ferrão” e, por isso, passou a existir a lenda de que elas “picam” com a cauda. 

Espécies semelhantes

A Typhlophis squamosus e a Typhlops reticulatus são parecidas com a Epictia tenella, mas não possuem manchas amarelas na cabeça e na cauda. “Elas fazem parte da família Typhlopidae (infraordem Scolecophidia), representada por 11 gêneros e 264 espécies, distribuídas nas regiões tropicais das Américas e da África, Madagascar, Ásia, Oriente Médio e Austrália, incluindo ilhas oceânicas como as Filipinas”, segundo o livro.


Apenas um gênero, Typhlops, é conhecido para o Brasil, representado por seis espécies. A Typhlops reticulatus (Wagler, 1824) pode chegar até pouco mais de 50 centímetros. Ela possui algumas diferenças se comparada com a Typhlophis squamosus (Schlegel, 1839), pois possui placas grandes sobre a cabeça, maiores que as escamas do corpo e a Typhlophis squamosus chega somente até 26 centímetros.

E há também a família Anomalepididae (Scolecophidia), “representada por quatro gêneros e 18 espécies, distribuídos pela América do Sul e Central. No Brasil, estão presentes dois gêneros e sete espécies. São semelhantes aos membros das famílias Leptoyphlopidae e Typhlopidae, mas diferem por possuírem um único dente no osso dentário e cabeça coberta por escamas pequenas, não diferenciadas das escamas do resto do corpo”. Ela pode chegar, no máximo, em torno de 30 centímetros.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Publicidade

Mais acessadas:

Fitoterapia brasileira perde a botânica e farmacêutica Terezinha Rêgo

Reconhecida internacionalmente, a pesquisadora desenvolveu projetos como a horta medicinal que beneficiou centenas de famílias periféricas no Maranhão e revelou revolta em caso que envolvia plantas amazônicas.
Publicidade

Leia também

Publicidade