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Sábado, 27 Abril 2024

"Cobra engolindo cobra"? Veja registro do momento em que o ditado popular se mostrou verdadeiro

Algumas espécies de cobras, com o passar do tempo evolutivo, adquiriram um hábito peculiar: o de se alimentarem de outras cobras. A muçurana (Clelia clelia), por exemplo, também conhecida como cobra-preta, é uma das cobras amplamente distribuídas pelas Amazônia e possui esse peculiar hábito de se alimentar de outras cobras, inclusive peçonhentas.

"A muçurana se alimenta de outras cobras como as jararacas, como por exemplo as cobras da espécie Bothrops atrox, de acordo registros de predação para a espécie Clelia clelia. E as corais verdadeiras, em geral, são consideradas cobras ofiófagas, por possuírem o hábito de se alimentarem de cobras", exemplifica o pesquisador doutorando em ecologia no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e herpetólogo, Gabriel S. Masseli.

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O pesquisador inclusive conseguiu registrar um desses momentos, em que uma coral verdadeira (Micrurus albicinctus) se alimenta de outra coral verdadeira (Micrurus hemprichii), publicado em nota científica na revista 'Herpetological Review' sob o título 'Micrurus albicinctus (White-banded Coral Snake) and Micrurus hemprichii (Hemprich's Coral Snake). DIET AND PREDATION'. Veja:

Foto: Gabriel S. Masseli/Cedida
Masseli destaca ainda que a ofiofagia não é exclusiva entre cobras, mas sim o ato de se alimentar de cobras. "Existem casos de aves de Rapina - gaviões, corujas e urubus -, primatas, lagartos, outros grupos, inclusive até de seres humanos em algumas etnias [indígenas], que tem o hábito de consumir cobras", exemplifica.

Uma coisa interessante é que existem dois gêneros de marsupiais na Amazônia (Didelphis e Monodelphis), popularmente conhecidos como mucuras ou gambás, que também se alimentam de cobras e são imunes, por exemplo, ao veneno da jararaca. 

"É uma característica da evolução desses dois grupos de animais na mesma região. Fez com que, com o tempo, eles se adaptassem à esse tipo de alimentação e se tornassem imunes. Mas é preciso lembrar que essas adaptações ocorrem de região para região. Sendo que, por exemplo, um indivíduo do gênero Didelphis de uma região da Amazônia é imune ao veneno de jararacas daquela mesma região onde ele ocorre. No entanto, se esse indivíduo for picado por uma jararaca de outra região da Amazônia ou do Brasil, não terá imunidade ao veneno",

explica Gabriel Masseli.

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