Para manter a tradição de Natal

Houve uma época em que os cartões de Natal fizeram parte das várias tradições que envolvem a data, como as cantigas, o peru, o panetone, a ceia, a missa do galo, a chegada do Papai Noel, a troca de presentes.

Mas a tecnologia fez o simples ato de trocar cartões de ‘Feliz Natal’, desaparecer. Tudo bem que eles agora chegam por e-mail, ou pelo WhatsApp, mas não tem mais a mesma magia e encantamento de quando eram impressos e chegavam pelo Correio. 
Jorge Bargas da Silva, atual presidente do Clube Filatélico do Amazonas, inaugurou na sexta-feira (15), a exposição ‘Natal, Luz e Vida’ com 60 cartões de Natal e cartões postais, estes com motivos natalinos, na Agência Filatélica do Correio, na praça do Congresso. 
Há vários anos Bargas, que é filatelista (colecionador de selos) organiza em dezembro na Agência Filatélica uma exposição com seus selos temáticos sobre o Natal, “mas esse ano eu resolvi mudar e estou expondo os cartões, que nunca havia mostrado antes”, contou. 
Bargas reuniu cartões que recebeu ao longo dos anos e outros que começou a comprar na livraria Paulinas depois que iniciou o colecionismo das peças. Recentemente conheceu a designer Jennyfer Oliveira, especialista em produzir cartões de Natal personalizados, e passou a adquirir peças da artista. “Sobre os cartões postais, que como os cartões de Natal impressos, estão cada vez mais raros, ainda existem muitas pessoas que os colecionam e os pedem para mim, pois querem imagens de Manaus. Já os de Natal, como só circulam em dezembro, são bem mais raros, mas têm as pessoas que os enviam, e os recebem. Eu, particularmente, ainda não mandei nenhum esse ano, e nem recebi”, concluiu.
A exposição dos cartões de Bargas fica na Agência Filatélica até o final de dezembro.  

Foto: Walter Mendes / Jornal do Commercio
Cartões padronizados
Jennyfer Oliveira se formou em designer esse ano, mas há muito tempo desenvolve seus dotes artísticos no desenho. Agora descobriu um caminho para mostrar seus trabalhos no segmento de cartões pos tais. “Comecei a me interessar pelos postais em junho desse ano quando participei de um encontro do Post Crossing, em Belo Horizonte. O Post Crossing é um site português de trocas de postais, virtuais, mas principalmente físicos. Permanentemente eles ficam enviando endereços de cartofilistas (colecionador de postais) do mundo todo, então mandamos postais para eles e eles nos mandam outros”, falou.
Jennyfer faz fotos dos pontos turísticos de Manaus e depois produz os postais no seu computador, enviando-os para os cartofilistas. “Mas comecei a produzí-los, para vender, de acordo com as datas comemorativas e surgiram os primeiros interessados. Já fiz pro Dia do Professor e agora por Natal, produzi três modelos. Muita gente de São Paulo, do Post Crossing, adquiriu os do Natal. Aqui em Manaus, até agora só o ‘seo’ Bargas, mas é porque só agora eu comecei a divulgar o meu trabalho”, explicou.
A vantagem dos cartões produzidos por Jennyfer, em papel 300 gramas, como os antigos postais industrializados, é que eles são personalizados e ela imprime de uma unidade a quantas o interessado desejar. “Antigamente a gente comprava cartões de Natal nas bancas de revista, e tinha uma infinidade muito grande de modelos, mas agora só os encontrei nos Correios, aqueles padronizados, que eles editam todos os anos”, completou.
Foto: Shutterstock

Sobre os cartões

A tradição de enviar cartões de Natal perdurou por mais de 150 anos, até o surgimento da internet e a nova forma de produzi-los digitalmente. Quem fez o primeiro cartão de Natal no papel foi o inglês John Callcott Horsley, em 1843. Na realidade ele pintou o cartão a pedido de sir Henry Cole, fundador e diretor do South Kensington Museum, atual Museu Victory and Albert, localizado em Londres. 
O cartão mostra várias pessoas brindando, possivelmente com vinho, numa imagem colorida, ladeada por imagens, em preto e branco, de cenas de caridade e a frase ‘A merry christmas and happy new year to you’ (Um feliz Natal e um feliz ano novo para você), já com as palavras ‘To’ (para) e ‘from’ (de), inclusive com o nome e o endereço da empresa que produziu o cartão. 
Já o cartão postal tem algumas versões sobre sua origem. O norte-americano H. L. Lipman, juntamente com J. P. Charlton, patenteou em 18 de dezembro de 1862, o chamado ‘Lipman’s Postal Card’. Entretanto não são conhecidos exemplares deste cartão de antes do início da década seguinte.   

Foto: Shutterstock
Outra versão diz que o diretor dos Correios da Confederação da Alemanha do Norte, Heinrich Von Stephan, pode ter lançado a ideia e a sugestão na Conferência Postal Germano -austríaca, em 1865. A terceira versão diz que Emmanuel Hermann, professor de Economia Política, da Academia Militar Wiener Neustadt, no Império Austro-húngaro, em carta publicada no Die Neue Freie Presse, de 29 de janeiro de 1869, propôs a adoção do cartão postal salientando a conveniência do uso de cartas mais simples que aliassem o baixo custo à simplicidade, o que poderia ser obtido com a supressão do envelope. De Marly, Diretor da Administração dos Correios da Áustria, aceitou a ideia e oito meses depois, em 1º de outubro de 1869, foi lançado para venda o primeiro cartão-postal do mundo -Korrespondenz Karte, escrito em cor negra sobre cartão creme, levando impresso um selo de 2 Neukreuzer. 
No Brasil o cartão-postal foi criado pelo Decreto nº 7695, de 28 de abril de 1880, proposto pelo Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, conselheiro Manuel Buarque de Macedo.
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