Boi Caprichoso é o vencedor do Festival de Parintins 2017

Após três noites de show, o boi-bumbá Caprichoso se consagrou campeão do 52º Festival Folclórico de Parintins, que acontece anualmente na Ilha Tupinambarana (distante a 369 quilômetros de Manaus). O touro negro conseguiu um total de 1257,9 pontos, enquanto o Garantido, que buscava o bicampeonato, marcou apenas 1255,5 pontos. 

Com o bumbódromo lotado, o boi Garantido abriu a primeira noite da 52ª edição do Festival Folclórico de Parintins. A apresentação começou pontualmente às 21h30 de sexta-feira (30) e apresentou o tema Magia e Fascínio no Coração da Amazônia.

Foto: Reprodução/Facebook-Caprichoso
De um grande coração que se abriu no meio da arena, o boi vermelho apareceu agitando a galera, como é chamada a torcida. Nesse primeiro dia, o Garantido quis mostrar a criação da Amazônia e o encanto que isso gera nas pessoas. Uma grande floresta encantada foi retratada em uma alegoria que chamou a atenção pela mobilidade e expressões faciais.

O boi Caprichoso entrou na Arena quase uma hora da madrugada com o tema a Poética do Imaginário Caboclo. Com uma alegoria gigantesca, o boi azul apresentou as influências da cultura cabocla e o encontro de diversos povos. O “Cine Teatro Brasil de Parintins” foi representando na Arena pelo artista Glaucivan Silva e homenageou o cineasta Silvino Santos.

Segunda noite

A história da origem do Caprichoso foi o destaque da segunda noite de apresentações do boi bumbá azul na 52ª edição do Festival Folclórico de Parintins. A primeira alegoria, confeccionada pelo artista Jucelino Ribeiro, retratou a lenda de Dom Sebastião, rei de Portugal, que, aos 24 anos de idade resolveu ir para o Marrocos converter os mouros ao cristianismo. O monarca desapareceu misteriosamente, e reza a lenda que ele costuma surgir em noites de lua cheia, como um boi com uma estrela brilhante na testa, na praia dos Lençóis, na parte amazônica do Maranhão. Durante todo o espetáculo, o Caprichoso mostrou que investiu em tecnologia e inovação.

O Garantido entrou na Arena do Bumbódromo por volta de 23h15. O boi vermelho abordou na segunda noite o ‘Folclore e a resistência cultural’, como um clamor pela cultura do boi bumbá amazônico, suas origens e tradições. A degradação da floresta amazônica também foi lembrada em uma toada clássica ‘Lamento de Raça’ que emocionou a galera encarnada na voz do levantador de toadas Sebastião Júnior. O auto do boi, que é a lenda que deu origem ao festival, ganhou destaque com uma gigantesca alegoria do boi vermelho.

Foto: Reprodução/Facebook-Caprichoso

Terceira noite

A emoção marcou a terceira noite do festival. O primeiro a se apresentar no domingo foi o Garantido, que defendeu o tema ‘Amazônia, esperança e fé’, com uma mensagem de luta pela preservação da floresta. A padroeira da cidade, Nossa Senhora do Carmo, foi homenageada com uma grande alegoria, emocionando o público, embalado pela voz da cantora amazonense Márcia Siqueira. Os dançarinos também surpreenderam a plateia,  com uma coreografia bem sincronizada durante a encenação de um ritual da etnia indígena Carajá. Flechas foram disparadas durante o ato.

O Caprichoso abordou a história da arte parintinense e o protagonismo do caboclo, o homem da Amazônia. Na alegoria ‘O calafate’, o boi azul ressaltou o trabalho dos artesãos navais de Parintins. Um dos maiores símbolos da cidade, a Catedral de Nossa Senhora do Carmo foi também representada. A imagem da santa ‘levitou’ sobre a arena, ao som da música Nossa Senhora, cantada pelo levantador de toadas David Assayag, emocionou o público. Outra surpresa da noite foi uma alegoria gigantesca do Boi Caprichoso, que surgiu do céu levado por um guindaste.

Emoção

Emocionado, o presidente do Caprichoso, Babá Tupinambá, ressaltou a harmonia da equipe e o esforço em promover mudanças este ano. “O nosso boi é uma família, o nosso boi é como se fosse sangue do nosso sangue. Todas as mudanças que nós fizemos foi para o bem do Caprichoso, não foi para denegrir ninguém porque nós vimos que estava em um momento de mudança. E nós vamos lutar cada vez mais para buscar o bicampeonato, pode acreditar. O Caprichoso vinha numa crescente a cada noite, trabalhou para ser melhor a cada noite. Ele superou a ele mesmo” afirmou Tupinambá.

Logo após o resultado, a galera do Caprichoso saiu pelas ruas de Parintins debaixo de muita chuva para comemorar a vitória. A festa vai continuar até o fim do dia no curral do boi azul.

Há dez anos, o torcedor azulado Felipe Aires, que é de Manaus, acompanha o festival na ilha Tupinambarana. Mesmo doente, ele vai festejar o título do seu boi preferido. “A gente lutou bastante. É aquela emoção. A gente sempre espera ser campeão e chegamos lá. Estou aqui gripado, com febre, mas já estou aqui nessa chuva saindo atrás da galera”, disse o torcedor.

O Caprichoso conquistou neste ano o 22º título de sua história no Festival Folclórico. Durante os três dias de festa, o boi mostrou que investiu em inovação tecnológica, iluminação, criatividade e ainda em números de ilusionismo.

Cultura

Todos os anos, o Festival Folclórico de Parintins narra a mesma história, mas sempre de um modo diferente. Uma lenda deu origem ao evento: a Mãe Catirina está grávida e sente o desejo de comer língua de boi, especificamente, aquele preferido do amo, o rico fazendeiro onde seu marido, Pai Francisco, trabalha. Para agradar a esposa, Francisco mata o animal. Quando o patrão descobre, ele é capturado. Um médico é chamado e confirma a morte do boi. Para trazer a vida de volta ao bicho, o amo chama um padre, que no festival é representando por um pajé. Com seus rituais, ele consegue ressuscitar o animal e isso vira motivo de festa. Pai Francisco e Mãe Catirina são perdoados pelo amo do boi.

Confira como ficou a pontuação dos bumbás:

Primeira noite

Caprichoso 419,1
Garantido 417,6

Segunda Noite
Caprichoso 419,1
Garantido 419

Terceira Noite
Caprichoso 419,7
Garantido 418,9

Total
Caprichoso 1257,9
Garantido  1255,5
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