A beleza natural da mulher amazônica

Tema de poesias, cantos, danças e exposições, a beleza da mulher amazônica encanta o mundo com seus traços exclusivos 
 
 
 
 
Tema de poesias, cantos, danças e exposições, a beleza da mulher amazônica encanta o mundo com seus traços exclusivos de cabocla e se mantém por séculos como a maior representatividade da feminilidade local. Bela por natureza, essa figura peculiar está presente em cada esquina, bem como à frente de festivais folclóricos e concursos de beleza. Vale destacar que em paralelo a tradição de enaltecer a beldade amazônica, a região também caminha com as mudanças e quebras de estereótipos.

Para a Produtora Cultural e Conselheira Nacional – Setorial de Culturas Populares do Amazonas, Carla Canori, embora a predominância da região seja indígena e cabocla, atualmente é possível visualizar uma diversidade de estilos e padrões de beleza, influenciados pelos meios sociais e movimentos que as mulheres frequentam. 

Ela explica que nem sempre a mulher que tem a característica mais cabocla ou indígena será aquela que ostentará biojoias de sementes ou acessórios mais regionais e que muitas vezes essas peças caem na graça de mulheres que possuem um estilo mais alternativo com estereótipo diferente ao da região.

“Nas ruas podemos ver mulheres ostentado os seus cabelos longos, curtos, lisos, crespos, cacheados, coloridos e turbantes. Quebrando o modismo e padrão dos últimos dez anos que era do cabelo liso por meio da química capilar, assim como, mulheres magras, gordas, brancas e negras não se preocuparem com os padrões estéticos”, observou Carla. “Essa diversidade reflete no empoderamento feminino do autoconhecimento, pertencimento e aceitação da aparência física. Mulher é mulher e reina de todas as formas”, acrescentou.  

‘Cabocla’ tema da exposição do fotógrafo Rodrigo Reis. Foto: Rodrigo Reis/Reprodução
 
Segundo a produtora cultural, esse padrão exótico sempre chama a atenção no contexto de análise externo, mas é pouco valorizado pela própria terra. “Percebo que ainda há um não reconhecimento pela identidade cabocla, algumas pessoas consideram até pejorativo. Mas isso é um preconceito machista local, que intitula de “Mulher Cabocla”, a que é oriunda do interior do Estado, objetificando que possuem menos conhecimento ou que são fáceis aos olhos dos homens. Isso não existe, as nossas caboclas são mulheres de muita atitude, detentoras de graça, inteligência, garra e beleza”, explicou.

 
Os traços indígenas sem dúvidas ganharam o globo quando destacados em personagens como cunhã-poranga no Festival Folclórico de Parintins. Atualmente, Marciele Albuquerque e Rayssa Bandeira defendem o posto no Caprichoso e Garantido, respectivamente. No entanto, Carla afirmou que a beleza da cabocla amazônica não se limita a ser representada apenas pelos itens femininos dos Bois-Bumbás da ilha tupinambarana.

“Também vemos nas Cirandeiras de Manacapuru, garotas do guaraná de Maués, itens dos bois de Nova Olinda do Norte, Fonte Boa, Barreirinha e de inúmeras festas folclóricas do interior do Estado que exaltam a beleza e garra de nossas mulheres amazonenses. Como representatividade não só da beleza, fora dos espetáculos, muitas estão envolvidas em movimentos em prol de políticas públicas voltadas para mulheres, são profissionais de diversas áreas e ocupam cargos e desempenham funções sociais”, destacou a produtora cultural.  

O fotógrafo destaca a beleza da mulher amazônica. Foto: Rodrigo Reis/Reprodução
 

Desconstrução do belo

 
Em contrapartida a tradição de enaltecer a beldade amazônica, os concursos de beleza como o Miss Amazonas vêm mostrando uma globalização do belo, comentou Carla. “Até porque pelo estereótipo das nossas caboclas de coxa grossa não teríamos como termos representantes diferentes. Houve principalmente de forma Nacional uma desconstrução do conceito da Miss extremamente magra com traços europeus, exemplo a escolha da última Miss Brasil que esbanjou toda a beleza afro-brasileira no Miss Universo”, argumentou a produtora cultural.

Raissa Santana venceu a edição 2016 do Miss Brasil e se tornou a segunda mulher negra a vencer o concurso no país. A primeira foi a gaúcha Deise Nunes, em 1986. Esta edição inclusive ficou marcada por ter o maior número de candidatas negras na história do concurso. Raissa ficou entre as 13 finalistas do Miss Universo, realizado em Manila, Filipinas. Em solo amazonense, a estudante de direito Brena Dianaá é atual Miss Amazonas e chegou a ficar entre as 15 finalistas no concurso nacional. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Victor Xamã: a renovação do rap que vem da Amazônia

Expoente do estilo na região Norte, artista chama atenção por timbre grave e rimas que falam do cotidiano de quem vive entre as agruras da cidade grande e a maior floresta do mundo.

Leia também

Publicidade