— Clara desperta nela uma identificação. A Laura, apesar de retraída e traumatizada, é muito consciente de tudo, portanto, muito feminista. É óbvio que ela vai se unir a Clara e a todas as mulheres que já foram violentadas em todos os sentidos da palavra — conta Bella, de 22 anos.
É esta ligação que explica o motivo de sua personagem não ter se aberto com a melhor amiga, Melissa (Gabriela Mustafá). Bella sustenta que Laura se sente constrangida e receosa em abrir seu drama a outros conhecidos:
— Os sentimentos da vítima não são só em relação à figura abusiva. É em relação à própria pessoa, à própria vítima. São sentimentos de culpa, de vergonha, de medo, ainda mais porque Laura convive com essa pessoa até hoje dentro de casa. Há uma dificuldade maior.
Nesta semana, de acordo com os resumos de “O outro lado do paraíso”, Vinicius chegará a ir até o flat de Rafael (Igor Angelkorte) para se declarar para a enteada. Para piorar, Lorena ainda se coloca como uma adversária da filha.
— Em casos reais, também é criada uma rivalidade entre mãe e filha. Mais parecem mulheres uma contra a outra, sem o peso da relação de parentesco. Situações como esta só colaboram para uma cultura machista de que a gente tem que disputar homens, de que se ele está olhando é porque a mulher fez alguma coisa. Além de sofrer, a personagem é julgada e culpada por aquilo. Mesmo não sendo, a maioria das vítimas se sente assim. E por isso há um medo de verbalizar e aparentemente estragar um relacionamento, uma relação que parece ser positiva — opina Bella Piero.