Nonato (Silvero Pereira) coloca gelo no rosto de Eurico (Humberto Martins) depois que ele briga com Caio (Rodrigo Lombardi) em ‘A força do querer‘. A cena mostra bem a cumplicidade que se inicia entre o motorista e o patrão. Só que Eurico não pode nem imaginar que Nonato é um travesti. Numa outra sequência, Eurico se envolve numa confusão de trânsito com Jane Di Castro e destila toda a sua ignorância.
“Tinha que pegar essa gente, botar em tratamento intensivo! Queria ver se não se curava! Homem é homem, mulher é mulher! Isso aí a natureza já mostra quando a pessoa nasce! Fugiu disso é aberração!”, diz ele.
Nonato não fala nada, mas depois explica a Jane porque inventou esse personagem: “Tive que me montar, querida! fazer a linha machuda! Quem é que dá emprego a travesti? Travesti só tem vez quando é artista reconhecido que nem você! Seu Eurico está apegado a mim… O contrato era pra ficar com a mulher dele, mas manda eu carregar pasta, me põe plantada lá no escritório… fico lá, fazendo a egípcia! Tá dando pra pagar minhas contas e ainda mandar um dinheirinho pra família”.
Nonato, no entanto, fala para Jane que sonha em ganhar dinheiro fazendo suas performances. “Me aguardem o dia que conseguir montar meu show: ninguém segura mais Elis Miranda! Mas enquanto for mais um na multidão…”, diz ele, sem mágoa. Gloria Perez criou Nonato para o ator ao vê-lo em cena na peça ‘BR-Trans’, monólogo escrito por ele reunindo histórias reais de transexuais, que tem dado o que falar. Saiba mais no iBahia.