Mas antes de mergulhar nessa aventura, é importante saber que para aproveitar pelo menos sete trilhas (as maiores e de mata mais fechada), é necessária a ajuda de um condutor ambiental e de um auxiliar de retaguarda, que são uma espécie de guias dentro da floresta e conhecem bem o lugar. São eles que dão orientações importantes para os visitantes durante o passeio.
“Estamos numa unidade de conservação ambiental, então as trilhas também obedecem uma série de regras, capacidade de carga, de pessoas, o uso sustentável do percurso. Ao avistar um cacho de fruta, por exemplo, não pode retirar daqui e levar pra casa. Só pode observar”, explica Daniel Neres, condutor ambiental.
Durante o passeio, também não é permitido levar alimentos, apenas uma garrafa com água, nem descartar lixo no local.A trilha da Mariana é uma das opções. Nela, os visitantes podem usufruir da companhia de uma grande borboleta azul, que é característica da região tropical da Amazônia e, no parque, leva o mesmo nome da trilha. “Ah essa borboleta é conhecida como Mariana e considerada também a mãe d’água. Ela é encontrada aqui porque temos áreas alagadas na trilha, temos lagos”, explica o guia.
Aliás, Mariana é o nome da trilha porque tem a ver com uma antiga moradora do lugar. A história é curiosa: diz a lenda que, há anos, antes de se tornar uma Unidade de Conservação Ambiental, essa parte remota da cidade de Belém era o lugar onde pessoas com pneumonia buscavam ar puro. E a primeira moradora do local tinha esse nome. Ela morreu e se tornou a protetora da floresta.
E quem entra ali se sente convidado a proteger esse santuário natural, que nem parece estar no coração da capital paraense. Caminhando na trilha, a floresta ora encanta com o som dos pássaros e cigarras, ora traz uma paz e um silêncio ensurdecedor. É assim que o visitante se desconecta do meio urbano e se torna parte da natureza. Aos poucos, vai conhecendo as árvores centenárias, algumas com mais de 25 metros de altura, plantas e cipós. Todos guardam lendas e sabedorias populares.
Educação ambiental
Além de oferecer o turismo ecológico de aventura, o Parque Ambiental do Utinga tem como principal objetivo promover a educação ambiental. Grupos de crianças, jovens e adultos fazem visitas guiadas, diariamente, no espaço. Cerca de 40 alunos do 8º e 9º da Escola Estadual Maria de Nazaré Marques Rios, que fica no conjunto Icuí Guajará, em Ananindeua, e fazem parte do Programa Territórios pela Paz (TerPaz) visitaram o parque, na sexta-feira (6). “Eles estão encantados, olhando para todos os lados pra tentar compreender o que é o parque. E nós trouxemos professores de Ciências para mostrar a importância de valorizar o meio ambiente, de sair do espaço escolar e também aprender aqui” – Rosa Teixeira, diretora da unidade de ensino.
Como coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) no Terpaz, Andreia Monteiro falou da importância de incentivar esse tipo de visita no espaço. “É para se sensibilizar sobre as temáticas ambientais. O grupo vai agora fazer a trilha do Patuá, com ajuda de uma guia do Ideflor-bio, depois seguirão para conhecer o Lago Bolonha e entender que é daqui que sai a água que temos em casa. Eles estão ansiosos e, para a maioria, é a primeira vez”.
O Batalhão da Polícia Ambiental (BPA), da Polícia Militar do Pará, também organiza passeios nas trilhas com o objetivo de promover a conscientização ambiental. “Não é só um passeio, uma diversão. A gente quer dizer para eles que a selva tem de tudo, aqui encontramos alimento, abrigo, fogo, água, por isso não podemos destruir, se desfazer. Ensinamos eles a não desmatar, a não jogar lixo, a não poluir”, reforçou o sargento Valcir Chagas, do BPA.