Típica de regiões de clima quente, a fruta-dragão ganhou notoriedade pelo baixo valor calórico, sabor levemente adocicado e de alto valor nutritivo
João Gontijo conta que iniciou o cultivo de pitaya em setembro de 2019 apenas como atividade terapêutica após passar por tratamento de saúde e vencer um câncer de garganta. “Tomei gosto por isso e hoje passo meu dia todo aqui, envolvido na plantação, nos cuidados e na enxertia para produzir novas variedades”.
No Cerrado brasileiro existem algumas espécies de pitaya nativas, conhecida como saborosa que, embora o formato seja semelhante ao da espécie tropical, seu tamanho é menor, porém mais saborosa e mais atrativa. Com a presença da espécie nativa na propriedade, o produtor adquiriu mudas da fruta em São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará, e tem investido na produção de novas variedades da fruta.
“Já tenho produzidas umas dez variedades, e mais 40 em formação, que somadas dão umas 50 variedades da fruta. Plantadas, hoje já são 600 mourões, de mil, sendo três pés em cada mourão. E eu espero, quando estiver produzindo a fruta em todos os mourões, tirar aproximadamente 30 toneladas por ano da fruta para comercialização”, frisou o produtor.
Assistência técnica
Mesmo resistente ao calor, uma vez que a planta precisa de iluminação direta e pouca água para um crescimento saudável, a incidência do “sol tocantinense” tem queimado as plantas, que hoje ocupam uma área de quase um hectare. Para resolver a questão, o produtor não hesitou em procurar a assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), que tem apresentado alternativas viáveis para tentar diminuir a incidência sobre a planta.
“A princípio nós pensamos na instalação de sombrite, mas depois da cotação orçamentária percebemos que essa alternativa ficava cara para o produtor, que está numa fase de implantação e estruturação da propriedade”, explicou o diretor de Pesquisa e Inovação do Ruraltins, Kin Gomides.
Pensando em uma alternativa viável, tanto econômica quanto produtiva, a equipe técnica do Ruraltins e o produtor resolveram testar os cultivos de capiaçu, moringa, mandioca e amendoim como proposta para sanar a incidência direta do sol na planta.
Além das orientações para reduzir a incidência do sol na sua produção, o senhor João Gontijo vai poder contar com o acompanhamento e assistência técnica do órgão rural do Tocantins.
“Por ser uma frutífera perene, com expectativa de produção de 15 anos, é imprescindível um bom planejamento, garantindo todos os cuidados necessários para uma boa produtividade dessa fruta, vamos trabalhar junto com o produtor para que ele tenha êxito na sua atividade”, destacou o diretor.
Origem
Da família cactaceae, a pitaya é típica de regiões de clima quente e teve sua origem na América Central e no México, e atualmente ganhou notoriedade pelo seu baixo valor calórico, sendo bastante usada no preparo de geleias, sorvetes, iogurtes, compotas, tortas, doces e sucos.
No Brasil, o cultivo da fruta é bem recente, e na produção, conforme o Censo da Agropecuária (2017), os estados que se destacam são São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Espírito Santo e Bahia.
No total, o país produz 1.459 toneladas da fruta em uma área total de 536 hectares.