Ameaçada de extinção, ucuúba demonstra tolerância ao metal pesado Cádmio

Exemplar da planta foi estudado por ter mecanismos bioquímicos capazes de purificar ambientes contaminados por concentração de metal

A Virola surinamensis, conhecida como Ucuúba, é uma das espécies da flora ameaçada de extinção e ganhou destaque em revista científica internacional pela capacidade de suportar alta concentração de metal no solo, cádmio, muito utilizado em aparelhos eletrônicos.

O biólogo do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-bio), doutor Waldemar Júnior é um dos autores do artigo científico publicado na última quarta-feira (24).

O estudo reforça o potencial de fitorremediacao da planta (processo que utiliza plantas como agentes de purificação de ambientes contaminados ou poluídos pelo depósito de substâncias inorgânicas), um dos resultados encontrados pelos mesmos pesquisadores em um artigo produzido em 2019, e o estudo ainda descobriu possíveis mecanismos bioquímicos utilizados pela espécie para tolerar o estresse ao metal.

Foto: Divulgação/Ideflor-Bio

“Em área de minerações e lixões, por exemplo, nós temos uma alta concentração de metais, como o cádmio. Mesmo que as áreas deixem de ser exploradas, o metal não desaparece sozinho desses ambientes. Daí a importância da Ucuúba para a recuperação dessas áreas degradadas, já que demonstra alta propriedade de absorção do metal do solo”, explica o pesquisador.

O biólogo reforça que o experimento foi feito em casas-de-vegetação (laboratório) e novos estudos realizarão o plantio da espécie em áreas deterioradas que contenham metal, para ver como será o comportamento em campo. “O nosso intuito é que elas sejam, em um futuro próximo, elemento de recuperação das áreas degradáveis, o que reforça a necessidade de fortalecimento da manutenção dessas espécies”, ressalta o pesquisador Waldemar Júnior.

Ucuúba

A planta é uma espécie florestal de relevante potencial socioeconômico, ecológico, ambiental e medicinal. Sua madeira é amplamente empregada na construção, carpintaria, marcenaria, fabricação de caixas, palitos de fósforo, laminados, compensados, celulose e papel.

A resina da casca do caule e as folhas são usadas na medicina popular para o tratamento de erisipelas, cólicas, dispepsia, processos inflamatórios, úlceras, gastrite, câncer, reumatismo, artrite e na prevenção da picada do mosquito da malária pelos indígenas na Amazônia. Além disso, há também a comercialização do óleo rico em lipídios, conhecido como “sebo de ucuúba” extraído das sementes e usado na fabricação de sabões, velas, cosméticos e perfumes. A planta ainda fornece abundante quantidade de frutos para aves e outros animais silvestres.

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