Responsáveis pelo trabalho de polinização das plantas, as abelhas são fundamentais para a manutenção da biodiversidade no planeta e também para a produção agrícola. Não é à toa que o mundo reconhece essa importância e comemora em 20 de maio o Dia Mundial da Abelha, data instituída pela ONU em 2017.
As abelhas são consideradas as principais polinizadoras de culturas agrícolas e o valor do trabalho delas e de outros animais polinizadores é estimado em US$ 42 bilhões no Brasil e em até US$ 577 bilhões no mundo, segundo a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).
Os benefícios ambientais e produtivos das abelhas começam a ser incentivados e fortalecidos na região de Canarana (MT), por meio do projeto Semêa, desenvolvido pela Fundação Bunge desde 2022. Na região, agricultores familiares assentados começaram a ter uma renda extra a partir da criação desses polinizadores e grandes produtores rurais colhem os benefícios de terem esses insetos em suas áreas de cultivo de soja e gergelim.
Segundo o zootecnista e consultor da Fundação Bunge em abelhas, Heber Luiz Pereira, no mundo existem cerca de 20 mil espécies. No Brasil é estimada a presença de 3 mil delas. Algumas culturas agrícolas como maçã, melão, melancia e maracujá dependem do trabalho realizado por elas para que haja produção.
Renda para os pequenos, produtividade para os grandes produtores
Em Canarana (MT), a polinização assistida foi uma das atividades incentivadas pelo Semêa, levando em conta as características do território, o caráter ambiental das abelhas e também seu potencial para geração de renda para os agricultores familiares e pequenos produtores, tanto pela produção de mel, quanto pelo “aluguel” de caixas para grandes produtores de soja.
“Vimos que as abelhas seriam uma excelente alternativa para a região. Estudos da Embrapa mostram que o trabalho de polinização das abelhas pode aumentar em média 13% a 18% a produtividade da soja, por exemplo. Com isso, agricultores familiares de Canarana estão colocando caixas de abelhas em grandes propriedades de soja e gergelim da região, prestando serviço aos grandes produtores rurais e gerando mel para diversificação de renda”, explica Cláudia Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge.
Por meio do projeto, a Fundação Bunge doou 160 caixas de abelhas e equipamentos de proteção individual (EPI) para 29 famílias de agricultores familiares e outras 160 caixas para pequenos produtores de grãos. Além dos equipamentos necessários, foi oferecida formação para que os agricultores trabalhassem corretamente com as abelhas, estabelecessem a cadeia produtiva do mel e começassem a ter renda com a atividade. O sucesso verificado no Mato Grosso fará o projeto ser expandido para outros estados brasileiros.
Até julho deste ano, a Fundação, em conjunto com o Instituto Federal do Mato Grosso (IFMT), oferece a formação “Apicultura: Manejo, Empregabilidade e Empreendedorismo” para 25 homens e mulheres com vivência no campo, ligados a agricultura familiar ou de comunidades indígenas. A formação prevê módulos técnicos e práticos de apicultura. O conteúdo programático conduzirá os alunos a geração de renda por meio da elaboração de Planos de Negócio ou Planos de Desenvolvimento Individual direcionados ao trabalho na cadeia apícola. O fechamento do curso acontecerá na FEICAN, a maior feira agropecuária da região de Canarana. Os alunos estarão em um estande organizado pela IFMT e Fundação Bunge e terão a oportunidade de apresentar seus aprendizados e prospectar oportunidades de negócio junto a outros produtores rurais.
Onde tem abelha, tem conservação
De acordo com Calais, a escolha do incentivo da criação das abelhas e apoio na criação da cadeia produtiva do mel na região é estratégica do ponto de vista do fomento a uma agricultura regenerativa de baixo carbono, base do projeto Semêa.
Ana Assad, diretora-executiva da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A), explica que a convivência harmônica das abelhas em áreas de produção agrícola é possível, mediante um diálogo construtivo entre produtores rurais e apicultores. “Este é um trabalho de ganha a ganha, mas é preciso que haja um diálogo contínuo para a adoção das melhores técnicas de manejo para que as abelhas sejam conservadas. Os produtores precisam saber os locais exatos que as caixas de abelhas estão instaladas e os produtores rurais, tendo acesso a essas informações, precisam fazer um bom manejo na aplicação de defensivos agrícolas, como a não aplicação em momentos de florada”, afirma.
A diretora da A.B.E.L.H.A. explica ainda que outro ponto fundamental é que as abelhas tenham acesso a áreas com água, plantas nativas e culturas que forneçam alimentos durante todo o ano. “Todos ganham com as abelhas. É importante que haja a conscientização e educação sobre o papel fundamental que esses polinizadores exercem no ambiente”, explica.
A Fundação Bunge
A Fundação Bunge, entidade social da Bunge no Brasil, há mais de 60 anos atua para gerar impactos positivos na sociedade em territórios e setores estratégicos para a Bunge, fomentando a diversidade com promoção dos direitos humanos por meio da inclusão produtiva e do estímulo à economia de baixo carbono, estimulando a ciência e a preservação da memória.
A Fundação é o pilar social da Bunge, líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais, que tem como propósito conectar agricultores a consumidores para fornecer alimentos, nutrição animal e combustíveis essenciais para o mundo. A Fundação valoriza suas parcerias com os agricultores para melhorar a produtividade e a eficiência ambiental da agricultura em nossas cadeias de valor e para levar produtos de qualidade de onde eles crescem para onde são consumidos.
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