Ao promovermos os shifts de mindset, ampliamos a nossa consciência e somos capazes de transformar a realidade em todos os níveis, entre eles, o nível onde estão as marcas e as empresas
Cubra os olhos para ouvir; Cubra os ouvidos para ver!
Diversas iniciativas – como a bioeconomia, a economia circular e muitas outras – estão ganhando destaque na busca para mudar o enfoque dado atualmente à natureza. De um estoque de recursos contínuos para uma visão mais humana, uma entidade viva. A fixação da humanidade pelo materialismo, pelo consumismo desenfreado e por um crescimento econômico medido pelo PIB, nos mantiveram competindo sem perceber que não existem fontes de recursos inesgotáveis.
A nossa maneira de agir e pensar vem sendo tão limitada e egocêntrica que nos posicionamos como organismos predadores no meio ambiente, desestruturando até mesmo o controle biológico da natureza. O naturalista britânico, Charles Darwin (aquele mesmo das ervilhas, lembra dele na 5ª série?), em uma das suas reflexões afirma: “quanto mais similares são dois organismos, mais um ameaça o outro, já que ambos competem pela mesma comida e pela atenção da mesma fêmea”. Qualquer semelhança com o comportamento da maioria dos seres humanos seria mera coincidência?
Este mindset está diretamente relacionado à forma extremamente racional de como viemos nos portando até agora para sobrevivermos enquanto raça. Ao imaginar como era o cotidiano de nosso ancestral, o Homo erectus, entendemos que fazer uso da racionalidade era a única maneira de sobreviver: ambiente inóspito, falta de comida, dinossauros, doenças etc.
Sem qualquer sombra de dúvidas, a racionalidade foi fundamental e é a grande responsável pela perpetuação da nossa raça. Mas os tempos mudaram e, pela primeira vez, é dada à humanidade a oportunidade de questionar sobre a sua própria existência, as suas escolhas, refletir se os seus desejos de vida estão de acordo com os seus próprios interesses e princípios.
Lembre-se: Nenhum ato ou comportamento acontece isoladamente.
Ao promovermos os shifts de mindset, ampliamos a nossa consciência e somos capazes de transformar a realidade em todos os níveis, entre eles, o nível onde estão as marcas e as empresas – trazendo novos valores e novas lentes para a sociedade como um todo. Desta forma, estamos criando os monopólios sociais, ou seja, grupos de empresas que conseguem transformar e impactar positivamente a vida das pessoas. Isto só é possível porque estas empresas possuem missões e propósitos voltados para gerar e criar valor.
Os shifts permitem a adoção de objetivos humanos mais elevados, a igualdade social e a qualidade de vida como o caminho para o restabelecimento e a sustentabilidade ambiental, através de quatro mudanças de consciência: do individual para o coletivo, do racional para o emocional, do linear para o exponencial e da escassez para a abundância.
Em todo o mundo, muitos estudiosos, diversas organizações e milhões de cidadãos estão tomando a frente e mostrando de que forma devemos mudar nossa maneira de agir. Apesar da limitação de nossos recursos externos, a riqueza interior da humanidade é ilimitada e o processo de revolução humana individual é a chave para ampliar a nossa percepção e, consequentemente, a nossa mentalidade interdisciplinar.
A transformação qualitativa da civilização contemporânea por meio dos shifts de mindset permite compreendermos nosso destino e expandimos nossa consciência no que tange ao desenvolvimento de processos sustentáveis e de nossas habilidades. Como consequência, menos ávidos nos tornamos.
Em minha humilde opinião, o grande benefício dos shifts de mindset é que passamos a utilizar todo o conhecimento acumulado ao longo da nossa jornada para fazer perguntas inteligentes sobre as incertezas e emergências deste século XXI, ao invés de nos preocuparmos em encontrar as respostas certas. Em uma passagem, que por sinal eu gosto muito, Carl Jung, psicoterapeuta suíço, cita que: “quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta”.
Concluindo, a habilidade de mudar o conjunto de atitudes, valores e crenças em busca da criação de valores humanos é o grande diferencial para enxergar as oportunidades advindas da Sociedade 5.0 e do Oceano Verde. A grande reflexão que vem com todas as transformações e informações é que a valoração das empresas deixa de ser em torno de receitas e lucros e passa a ser sobre qual impacto genuíno e verdadeiro estas empresas deixarão na vida das pessoas.
É fácil? De forma alguma! Mas quando olhamos a partir dos shifts de mindset, descobrimos coisas novas, pois as pessoas normalmente escolhem os produtos e serviços não pelo que são, mas por onde estão.
Até breve!
Vitor Kurahayashi
Vitor Kurahayashi é mentor e consultor, fundador da Hayashi Consultoria , diretor no grupo Travel Corp, professor em MBA nos cursos de Gerenciamento de Projetos e Gestão Estratégica de Negócios, atua como voluntário no Instituto Soka Amazonas e no Capítulo Amazônia do Project Management Institute (PMI-AM). Administrador pela Universidade Católica de Brasília – UCB, Master in Business Administration em Gerenciamento de Projetos pela FGV e em Gestão Estratégica de Negócios pela UCB; doutorando em Educação Superior pela Universidade Nacional de Rosario – UNR, na Argentina.