Uma forma interessante de praticar esse “Novo Olhar” é fazer algumas perguntas certas que lhe ajudarão a começar.
Na coluna anterior, percebemos que uma grande parte da sociedade se concentra em olhar somente a parte central do futuro provável e entende que este é o único caminho possível para o futuro. Desta forma, dando continuidade à dicotomia que forma o futuro, vamos abordar o segundo cenário: o futuro já aconteceu!
Cenário #2 – Futuro é visível e ele já aconteceu
Nesta perspectiva, o forte argumento é que, se quiser realmente enxergar o futuro, você poderá vê-lo hoje! Apenas requer a sua atenção e que olhe de forma cautelosa para aquilo que está ao seu redor.
Por exemplo, em 1994, a empresa General Magic lançou um dispositivo que era, essencialmente, o antecessor do que – 10 anos mais tarde – se tornaria o iPhone. Naquela época, esse telefone era algo fascinante. Você poderia entrar numa loja, comprar este dispositivo e utilizar como usamos um smartphone atualmente.
Claro, ele não era bom, não era perfeito, tinha muitas falhas, mas nos ofereceu algo muito maior: o gosto de como seria o futuro. Sem exceção, isso acontece com todas as tecnologias. Se refletirmos um pouco, perceberemos que essa foi a jornada de tudo o que temos atualmente.
Quando falamos sobre a Sociedade 5.0, a Era da Superinteligência e da Sustentabilidade, temos que falar sobre três tipos de pessoas: os exploradores, os pioneiros e os colonizadores. E, aqui cabe um ponto de reflexão: quem você quer ser? Esta escolha precisa ser feita de forma muito consciente.
Deixe-me explicar.
Tudo começa com os exploradores, que vão em direção ao desconhecido, para a “nova terra”, para a “terra prometida”. Eles são movidos pelo desejo de descobrir, explorar e, às vezes, são guiados por algum desejo de fama. De forma geral, os exploradores são solitários, fazem tudo por conta própria e pensam sempre à frente do seu tempo.
Posteriormente, seguindo os pioneiros, surgem os colonizadores. Eles trazem todas as ferramentas para criar empreendimentos em escala e transformam a realidade de forma disruptiva. Mas, se olharmos com atenção e cuidado, vamos perceber que o futuro sempre esteve ali, só aguardando o tempo e a infraestrutura certa para “quebrar a banca”.
Uma forma interessante de praticar este “Novo Olhar” é fazer algumas perguntas certas que lhe ajudarão a começar. Elas são realmente poderosas e com certeza você já as utilizou alguma vez, mas de repente não (ainda) em busca do “Novo Olhar”: porquê? E se? Como faríamos?
Se você quer realmente entender o futuro para saber como a sua vida, a sua profissão, a sua família e a sua empresa serão impactados em uma situação de incerteza e complexidade crescente, eu te aconselho a começar a fazer algumas perguntas!
Por que ainda precisamos comer proteína 100% vinda do abate de animais? E se além de carne bovina à base de plantas e células animais (já existem mais de 115 startups no mundo trabalhando nisso), desenvolverem carne de peixe à base de plantas em um “pólo” biotecnológico em Manaus?
E se pudermos produzir esta carne de peixe em um multiprocessador caseiro? Como faríamos para tratar algumas comorbidades pela alimentação? Seria possível substituirmos alguns itens da receita para ajudar na produção de insulina e na redução do colesterol?
Não precisaríamos mais matar nenhum animal, não haveria mais pescadores, não haveria mais necessidades de barcos de pescas, não necessitaríamos de óleo diesel como combustível, não haveria mais derramamento de óleo nos rios, não haveria mais feiras como a Manaus Moderna (só no nome), reduziríamos a arrecadação das taxas portuárias, dos impostos sobre o combustível e etc. Percebe o impacto?
Te garanto que não falta muito para isto se tornar realidade, porque já estão produzindo até costela de porco com osso e tudo através de processos celulares. De acordo com um dos principais fundos de investimentos voltados ao desenvolvimento de soluções alimentares e de proteção animal, a Blue Horizon Ventures, até 2035, o mercado de abate bovino será totalmente obsoleto e estará falido. Já imaginou? Faltam somente alguns anos!
Outro exercício seria: como faríamos para utilizar veículos automotores com uma bateria “infinita”? E se o asfalto das ruas fosse constituído com resinas e células que recarregam as baterias desses veículos através da captação da energia solar através do asfalto e que enviaria essa energia através de um processo de “bluetooth” energético? E se a pintura desses veículos fosse feita com uma tinta que tivesse nanopartículas e transformasse a sensação térmica em energia elétrica?
Como último exercício, vamos pensar o conceito sobre carros autônomos que possui como princípio transformar a forma como nos locomovemos em curtas, médias e longas distâncias. De imediato, vislumbramos a possibilidade de salvar vidas através da redução de acidentes leves, graves e fatais praticamente a zero. Isso é muito bom, pois vamos salvar vidas!
Todavia, a implicação do carro autônomo tem consequências secundárias. Por exemplo, se tivermos um risco reduzido de lesões e mortes, haverá uma redução da oferta de órgãos para transplantes (pois atualmente a maioria dos órgãos provém dos acidentes fatais), o negócio das oficinas mecânicas talvez diminua porque não teremos tantos acidentes, multas por velocidade pode ser uma coisa do passado e algo vai acontecer com a indústria de seguros.
Percebe que não é muito complicado ter um “Novo Olhar” e enxergar o futuro? E lembre-se: antes de fechar a coluna e dizer “que loucura, isso não é para mim”, pergunte a si mesmo “não seria interessante?”.
Até breve!