A Figura Humana na Sociedade 5.0

A pandemia da COVID-19 reforçou as incertezas ao mesmo tempo em que tornou ainda mais claros os desafios do século XXI.

A menina olha para o seu reflexo na janela. Foto: Shutterstock.

Atualmente, a sociedade está envolta em uma era de competições. Seja entre nações, seja internamente em cada país, através de grupos organizados pelas pessoas, tais como: indústrias, instituições financeiras, corporações comerciais, escolas, partidos políticos e organizações religiosas.

Ao mesmo tempo, novos conflitos surgem diariamente como consequência de alguns fenômenos sociais, como: pobreza, fome, disparidade social, desigualdade de gênero, racismo, insegurança e lacuna educativa.

As novas demandas, a busca pelo propósito individual e coletivo, e a luta em prol das causas sociais são alguns dos temas que se mostram relevantes às novas gerações. As predecessoras, mesmo almejando as mudanças anteriormente, nunca tiveram a permissão de indagar.

Quando olhamos para as gerações que compõem a nossa sociedade, atualmente, temos:

  • Geração Builders, nascidos entre 1930 e 1940;
  • Geração Baby Boomers, nascidos entre 1940 e 1960;
  • Geração X, nascidos entre 1960 e 1980;
  • Geração Y, também chamados de Millennials, nascidos entre 1980 e 1995;
  • Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010;
  • Geração Alpha, que estão com até 10 anos de idade, nascidos a partir de 2010.

Felizmente, os tempos mudaram! Em contrapartida, temos a sensação de que temos cada vez menos tempo para fazer a próxima revolução – devido, especialmente, ao desenvolvimento da tecnologia.

A internet é a grande responsável neste aspecto, pois foi com sua chegada que perdemos a noção do tempo. O que acontece do outro lado do mundo é percebido e recebido onde estamos, instantânea e simultaneamente. Consequentemente, passamos a ter uma nova percepção em relação a como enxergamos o tempo.

 Como resultado, passamos a viver um imediatismo que nos impede de vivenciar integralmente cada momento da nossa existência – algo parecido com um jogo de tetris, onde estamos sempre preocupados em tentar encaixar os próximos blocos, ao invés de desfrutarmos cada conquista atingida, gerando uma sensação de incompletude que, erroneamente, uma grande parte das pessoas acredita que se resolve com uma “volta” no shopping.

As reflexões que proponho são: como liderar as pessoas nas organizações neste cenário de constantes mudanças e incertezas? Em paralelo, como atrair e reter talentos numa era em que um concorrente do outro lado do mundo pode contratar o seu melhor colaborador, já que o conceito Anywhere Office (escritório em qualquer lugar) veio para ficar?

Conceito de trabalho Anywhere Office. Foto: Shutterstock.

 A pandemia da COVID-19 reforçou as incertezas, ao mesmo tempo em que tornou ainda mais claro os desafios do século XXI. A relevância de promovermos uma mudança em nossa mentalidade é vital. Já que o mundo não desacelerou, as variáveis que afetam os negócios serão cada vez mais diversas e o futuro chega cada dia mais rápido, devido à disruptura provocada pela tecnologia.

Portanto, o desafio do da figura humana na Sociedade 5.0 está em conseguir ter o discernimento para fazer as perguntas certas, já que as práticas de liderança e gestão se mantêm inalteradas desde o século XVI: controle, comando e eficiência.

Infelizmente, uma grande parte das empresas só se preocupam no quanto as ações subirão, ao serem nomeadas as melhores em termos de eficiência, lucratividade ou por fazer parte da lista das melhores empresas para se trabalhar – enquanto o mais relevante é realmente criar significado para todos em nossa sociedade.

Certamente, todos acreditamos em um futuro extremamente positivo e sustentável através da transformação das pessoas e das organizações. Mas, para isso acontecer, precisamos que os líderes assumam como protagonistas, simplesmente por ser a atitude mais valiosa a ser feita, tanto para as pessoas como para o meio ambiente.

Desde o início da pandemia, tivemos a oportunidade de observar a migração acelerada das organizações para o mundo digital. Comprovadamente, muitas falharam! E sabe por quê? Porque acreditavam que isso seria necessário somente no futuro, mas ele é tão abstrato que, por vezes, acreditamos que nunca chegará – o que não deixa de ser um engano ingênuo, já que o futuro começa a cada instante.

Em 2019, Dame Minouche Shafik, diretora da London School of Economics, fez o seguinte pronunciamento: “no passado, os trabalhos eram sobre músculos, agora eles são sobre cérebros, mas no futuro, eles serão sobre o coração.” Isso realmente ressoou em mim, provavelmente porque eu falo muito sobre a Revolução Humana Individual, Sociedade 5.0 e modelos de negócios que criam significado e impacto.

O meu ponto base neste aspecto é que não existe uma transformação digital sem a transformação humana individual. Muitas iniciativas e projetos de transformação deram errado devido a não valorizar o aspecto principal. Desta forma, quanto mais a tecnologia se desenvolve, mais humanos devemos ser em nossa totalidade. Isto está relacionado a que tipo de diferença você, enquanto indivíduo e empresa, deseja realizar.

A nossa interdependência enquanto indivíduos, membros de uma equipe, cidadãos de um país, habitantes deste planeta Terra, está sendo demonstrada, nos mínimos detalhes, durante este período pandêmico. O grande aprendizado, até aqui, foi conseguir transformar o “outro” em “nós”.

Diante de um futuro tão incerto, a Liderança Humana na Sociedade 5.0 não pode, simplesmente, reparar o sistema – devemos, sim, substituí-lo. Não se trata de reformar, e sim transformá-lo. Na próxima coluna, vamos abordar como podemos iniciar esta mudança em nossas organizações.

Até breve!

Vitor Kurahayashi

Vitor Kurahayashi é mentor e consultor, fundador da Hayashi Consultoria , diretor no grupo Travel Corp, professor em MBA nos cursos de Gerenciamento de Projetos e Gestão Estratégica de Negócios, atua como voluntário no Instituto Soka Amazonas e no Capítulo Amazônia do Project Management Institute (PMI-AM). Administrador pela Universidade Católica de Brasília – UCB, Master in Business Administration em Gerenciamento de Projetos pela FGV e em Gestão Estratégica de Negócios pela UCB; doutorando em Educação Superior pela Universidade Nacional de Rosario – UNR, na Argentina. 

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