Uso profilático do extrato de própolis pode representar solução promissora no tratamento da sepse

Pesquisadores do Laboratório de Imunofisiologia (LIF) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) descobriram um potencial aliado no combate à sepse no extrato de própolis verde.

Pesquisadores do Laboratório de Imunofisiologia (LIF) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) descobriram um potencial aliado no combate à sepse no extrato de própolis verde. A pesquisa, realizada em parceria com a empresa Apis Flora, revela resultados significativos sobre o uso profilático do extrato padronizado de própolis de Apis mellifera (EPP-AF®). Os estudos demonstram que o uso profilático desse extrato pode reduzir a inflamação pulmonar e aumentar a sobrevivência em modelos experimentais de sepse letal. Os resultados da investigação foram publicados na Revista de Etnofarmacologia, sugerindo uma solução promissora para o tratamento da sepse, uma condição de inflamação sistêmica que leva a alta mortalidade.

O estudo faz parte da dissertação de mestrado de Dimitrius Gabis, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e Tecnologia (PPGST), orientado pela professora do departamento de Patologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFMA de São Luís Flavia Nascimento com colaboração do professor do curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Tecnologia do Câmpus de Imperatriz Aramys Reis.

Leia também: Extrato de própolis pode auxiliar no fortalecimento da imunidade

O artigo cientifico ‘Prophylactic use of standardized extract of propolis of Apis mellifera (EPP-AF®) reduces lung inflammation and improves survival in experimental lethal sepsis’ também teve participação de Thiare Fortes, Jefferson Brito, Luis Douglas, Liana Trovão, Aluisio Oliveira, Patrícia Alves, André Vale, Ana Paula Santos, Marcia Maciel, Rosane Guerra, Afonso Abreu, Lucilene Silva e Andressa Berretta.

O extrato de própolis, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, mostrou-se eficaz na proteção contra a inflamação pulmonar e na melhoria da sobrevivência em um modelo de sepse induzida em camundongos tratados profilaticamente com EPP-AF®.

Dimitrius Garbis explica os pontos centrais do resultado da pesquisa, destacando a grande relevância para a saúde pública devido aos seguintes aspectos:

Impacto na Saúde Pública: a sepse é uma das principais causas de mortalidade global, representando um desafio significativo para os sistemas de saúde. Portanto encontrar novas alternativas terapêuticas, como o extrato de própolis, que demonstrou reduzir a inflamação pulmonar e melhorar a sobrevivência em modelos experimentais de sepse, pode ter um impacto positivo na gestão e no tratamento dessa condição grave.

Potencial Terapêutico: o uso tradicional do própolis na medicina popular para tratar doenças inflamatórias e infecciosas sugere um potencial terapêutico significativo. Os resultados desse estudo indicam que o extrato de própolis pode ser um tratamento adjuvante eficaz para pacientes com sepse, potencialmente melhorando os desfechos clínicos e a sobrevivência.

Desafios e Oportunidades: apesar dos resultados promissores, segundo Dimitrius, é necessário realizar mais pesquisas clínicas para validar a eficácia e segurança do uso do extrato de própolis em pacientes com sepse. Além disso, é fundamental considerar a padronização dos extratos, a dosagem adequada e possíveis interações com outros tratamentos. Superar esses desafios pode abrir novas oportunidades no campo da terapia adjuvante para a sepse.

“Em resumo, o estudo sobre o extrato de própolis na sepse letal representa uma contribuição significativa para a saúde pública, destacando a importância de explorar terapias alternativas e complementares para melhorar o manejo clínico e os desfechos dos pacientes com essa condição grave”, esclarece Dimitrius.

Como orientadora da pesquisa, Flávia Nascimento acrescenta as principais contribuições do estudo em alcance da sociedade. “O grupo de pesquisa do Laboratório de Imunofisiologia já vem estudando própolis há muitos anos. Nós temos demonstrado efeitos importantes na modulação da resposta imune, em especial, na regulação da resposta inflamatória. O uso desse produto, como suplemento alimentar, está ao alcance da maioria da população e permite que as pessoas possam modular sua resposta imune, tornando-a mais eficaz, entretanto sem respostas exacerbadas.  Além disso, o estudo e uso de própolis agrega valor a este produto, o que permite que criadores de abelhas possam obter uma fonte alternativa de renda, além da venda do mel”, aponta. 

Ao ser questionado sobre os avanços da pesquisa para além do conhecimento científico, o professor Aramys Reis pontua:

“A própolis é um dos produtos naturais mais estudados atualmente, com efeitos comprovados na regulação da resposta imune e ação antibacteriana. Pela primeira vez, nosso estudo mostrou que essa própolis pode melhorar o quadro de sepse em modelos experimentais. Assim, essa pesquisa abre caminho para novas abordagens terapêuticas que podem reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, oferecendo alternativas naturais e econômicas aos tratamentos convencionais. Embora sejam necessários estudos clínicos adicionais para validar seu uso em humanos, já existem evidências de segurança e eficácia em outros contextos, como no tratamento de pacientes com covid-19, em que a própolis reduziu o tempo de internação. Esse estudo reforça a importância dos ensaios clínicos para confirmar os benefícios terapêuticos da própolis em sepse’’, salienta.  

O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

*Com informações da Universidade Federal do Maranhão

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