Pará é o Estado com o menor número de médicos por habitantes na Região Norte, aponta levantamento do CFM

O Norte é a região com a menor quantidade no levantamento geral, com apenas 1,45 médicos por cada mil habitantes, enquanto na região Sudeste, o número é de 3,39.

O Brasil possui 564.385 mil médicos, número considerado significativo, mas a distribuição dos profissionais por região está muito longe do ideal. Conforme levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), em seu boletim, divulgado este ano, o Norte possui a menor quantidade de médicos em atuação por 1000 habitantes, seguido do Nordeste. No ranking por Estado, o Pará aparece em pior situação. Depois vem Maranhão, Amazonas e Acre.

O Norte possui 1,45 médicos por cada mil habitantes, enquanto a região com maior número, a Sudeste, possui 3,39. Quando analisados os dados por unidade da federação, a discrepância na distribuição dos profissionais também é grande. No Pará, que está na pior colocação, são 1,18, seguido do Maranhão com 1,22. Ainda na lista segue o Amazonas, com 1,36, e o Acre com 1,41 médicos por cada mil habitantes.

No interior, a situação é ainda pior. No caso do Amazonas, quando se leva em conta apenas os 61 municípios do interior – sem contar com a capital –, a relação é de 0,15 profissional por mil habitantes. Em relação a especialistas, o Estado tem defasagem em várias áreas. Com uma população de 3,87 milhões de habitantes, o Amazonas possui apenas um especialista em Genética Médica, três em Medicina Física e Reabilitação, cinco em Medicina de Emergência e oito em Geriatria.

O Diretor Nacional de Educação Médica Continuada do IPEMED, do grupo Afya, André Raeli, em visita ao Amazonas, ressaltou que a defasagem de profissionais tem impacto direto no dia a dia da população. 

“Há especialidades que as pessoas precisam aguardar meses por uma consulta e/ou ainda têm que se deslocar até Manaus, para serem atendidas. Temos estudado esse cenário Brasil afora e proposto soluções para capacitar esses novos médicos que têm chegado em descompasso com as vagas de residência médica do país”, 

afirmou.

Foto: Reprodução/Marinha do Brasil

Os médicos que trabalham no interior do Amazonas reforçam que a demanda por especialistas é alta, no local. É o caso de Bianca Ruiz, médica generalista que atende no município de Iranduba (distante 19 km de Manaus). Ela conta que, durante os atendimentos, surgem muitos casos de doenças oftalmológicas, dermatológicas e neurológicas, principalmente nas consultas realizadas nas comunidades ribeirinhas. “Os pacientes dessas localidades são muito humildes e com baixo poder aquisitivo. Vivem da pesca e da produção rural. É muito difícil terem condições financeiras para se deslocar até Manaus, para procurar atendimento especializado”, observou.

Segundo Bianca, a oportunidade de atuar no interior do Estado é muito enriquecedora. “As pessoas são muito gratas e esse carinho transborda. Fico muito contente de dedicar parte do meu tempo a elas”, comenta.

Para ajudar ainda mais os pacientes, Bianca iniciou especialização em Neuropediatria no IPEMED. “A Neurologia é uma área que eu sempre tive interesse e quis me aprofundar. Durante o trabalho no interior, comecei a receber crianças com autismo e outras questões neurológicas. Percebi que precisava de mais conhecimento, para poder atendê-las melhor, e então iniciei o curso. Além disso, é uma área em expansão e com demanda profissional”, avalia.

Outro médico que optou pela atuação no interior do Estado é o também generalista Marcus Reis. No Amazonas desde 2015, quando veio do Rio de Janeiro como médico voluntário do Exército, ele decidiu construir carreira em Tabatinga (a 1.106 km de Manaus) e, agora, está cursando pós-graduação em Endocrinologia.

Marcus já é pós-graduado em Ultrassonografia, Medicina do Trabalho e Medicina de Família. “A decisão pelo curso de Endocrinologia foi para refinar os conhecimentos que necessito para conduzir bem a clínica ambulatorial que já pratico com os pacientes”, destacou.

Foto: Divulgação/Ipemed

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