Ela esteve em Brasília, Rio de Janeiro e Pará. Conversou com pessoas afetadas pela hanseníase, especialistas, gestores e defensores públicos.
A pesquisadora portuguesa identificou um esforço das autoridades brasileiras em melhorar o enfrentamento da doença, diminuir o preconceito e oferecer reparação para pessoas que foram confinadas em colônias de isolamento. Mas, Alice Cruz considera que ainda é preciso avançar, especialmente para reduzir número de pessoas que chegam nas unidades de saúde já com sequelas da doença.
O relatório sobre a visita ao Brasil só será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em junho de 2020. Mas, a relatora da ONU já adiantou que vai se manifestar sobre casos de filhos de pais com hanseníase que foram separados da família ou expulsos da escola.
Ela considera urgente uma ação do Estado brasileiro em relação a essas situações.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 200 mil novos casos de hanseníase são detectados anualmente, principalmente no Brasil, Índia e Indonésia.
A situação brasileira é a que mais preocupa a OMS. Em 2017, foram registrados no país 22 mil novos casos da doença.
Os estados do Maranhão e do Pará são os que mais registram novos casos de hanseníase entre pacientes com idade até 15 anos, já diagnosticados com incapacidade física. O Tocantins tem a maior taxa entre a população geral, de todas as faixas etárias.
Sobre a doença
A hanseníase é uma doença infecciosa, causada por bactéria, transmitida pelo ar, que pode ser curada com a utilização de medicamentos. A infecção afeta principalmente a pele, os olhos, o nariz e os nervos periféricos.
Os sintomas incluem manchas claras ou vermelhas na pele com diminuição da sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e nos pés.
O tratamento precoce evita deficiências e está disponível no Sistema Único de Saúde.