Indígenas do Alto Rio Negro (Amazonas) criaram em Manaus o ‘Bahserikowi´i‘ – Centro de Medicina Indígena da Amazônia. O atendimento aos indígenas e não-indígenas será realizado pelos Kumuã (especialistas indígenas ou pajés) Manoel Lima, da etnia Tuyuka, e Ovídio Barreto, da etnia Tukano. Os atendimentos serão realizados na Rua Bernardo Ramos, n°. 97, no Centro da capital amazonense. A inauguração aconteceu nesta terça-feira (6).
O agendamento da primeira consulta com os Kumuã já pode ser realizada. O valor do tratamento será definido conforme a complexidade da doença. O Centro terá salas para o atendimento do doatig (doente), que receberá o diagnóstico e o tipo de tratamento. O local terá redes para quem tiver necessidade de descansar.
Os especialistas indígenas dominam o conhecimento do Bahsese (benzimento) a partir dos princípios metaquímicos da natureza (plantas e animais). Eles também são especialistas no Watidarese (proteção) contra agressões interpessoais.
Idealizado e coordenado pelo doutorando em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), João Paulo Barreto, indígena da etnia Tukano, do Alto Rio Negro, no espaço vão funcionar os seguintes projetos: Medicina Indígena, Amazônia Originários, Programa de Cursos de Línguas Indígenas e Cosmologias Indígenas e Saúde.
Barreto conta que o atendimento dos Kumuã não significa que o doente abandonará o tratamento que realiza nas unidades de saúde da medicina ocidental. A proposta, segundo ele, é oferecer outras possibilidades de tratamento, baseada nos conhecimentos da natureza e sem dependência química.
Os Kumuã recebem o poder de cura e de tratamento desde o nascimento e passam por uma formação rigorosa da infância até a juventude. Na formação, eles recebem os conhecimentos contidos na natureza e aprendem a dialogar e interagir com os chamados Waimahsã, os seres que se encontram nos ambientes aquáticos, nas florestas e na terra. Os Waimahsã são invisíveis aos humanos, com exceção dos Kumuã.
O ‘Bahserikowi´i’ – Centro de Medicina Indígena da Amazônia conta com a parceria da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), do Núcleo de Estudo da Amazônia Indígena (NEAI/UFAM), além do apoio da agência Amazônia Real.
No decorrer do projeto haverão cursos, oficinas e palestras em parceria com o NEAI. Vai envolver também atividades como venda de artesanato e arte indígena. O horário de funcionamento é de segunda à sexta das 9h às 15h. Para mais informções: (92) 99271-7500, (92) 98249-5991 ou (92) 99972 1262.