Insumo à base de urucum atua no controle de gordura no fígado

Insumo criado a partir da extração e da purificação de um complexo de substâncias presentes na semente do urucum é capaz de atuar na redução da esteatose hepática não alcoólica.

Foto: Reprodução/Unicamp

De cor avermelhada, muito utilizada na culinária e de origem brasileira, a semente do urucum possui diversos benefícios para a saúde. Um desses benefícios foi identificado por pesquisadores da Unicamp para atuação no controle metabólico, como no nível de lipídios e no acúmulo de gordura no fígado. A descoberta saiu da bancada da Unicamp para o mercado, com o licenciamento da tecnologia pela empresa-filha da Unicamp Rubian Extratos e o lançamento do insumo chamado Colliv.

Leia também: Ancestralidade indígena: conheça as diversas utilidades do urucum

O Colliv é um pó feito a partir da extração e da purificação de um complexo de substâncias presentes na semente do urucum capaz de atuar na redução da gordura no fígado, também conhecida como esteatose hepática não alcoólica. O produto é recomendado para pessoas que enfrentam a obesidade ou estão em situação de sobrepeso, uma vez que essa condição representa um fator de risco para o desenvolvimento de doenças hepáticas, como o acúmulo de gordura no fígado.

A tecnologia que deu origem ao Colliv foi desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, liderada pelo professor Mário Maróstica Júnior e com a participação das pesquisadoras Juliana Kelly e Milena Vuolo. A pesquisa teve recurso aprovado pelo Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi patenteada com estratégia da Agência de Inovação Inova Unicamp.

“Atualmente, em um mundo onde a obesidade e problemas metabólicos são crescentes preocupações de saúde, a colaboração entre academia e indústria é essencial. Essa história de sucesso exemplifica como a ciência e a tecnologia podem se unir para criar soluções inovadoras que impactam positivamente a vida das pessoas”, expõe Maróstica, comemorando o acesso da população a mais uma tecnologia da Unicamp.

A chegada desse produto no mercado, capaz de auxiliar na regulação dos níveis de colesterol, reduzir gordura hepática e contribuir para a prevenção da diabetes tipo II, impacta positivamente o cenário atual de saúde pública relacionada à obesidade, em que, de acordo com o Atlas 2023 da Federação Mundial da Obesidade, prevê-se que, nos próximos 12 anos, mais de 4 bilhões de pessoas enfrentarão problemas relacionados ao excesso de peso.

Maróstica conduziu testes de toxicidade hepática para averiguar a segurança do produto e não encontrou qualquer indício que pudesse pôr em risco a saúde humana. Assim, produto não possui contraindicações e pode ser utilizado por qualquer pessoa que apresenta quadros de obesidade ou sobrepeso. No entanto, Eduardo Aledo, co-fundador da Rubian Extratos, recomenda que seja procurado um médico para uma prescrição relacionada à dosagem adequada para cada paciente. O produto pode ser manipulado individualmente ou incluído junto a outros compostos, conforme a prescrição.

Aledo também explica que, além da atuação sem prejuízo para a saúde, a tecnologia ainda usa um processo ambientalmente limpo. Para produzir o insumo, é preciso fazer a extração e a purificação de um complexo oleaginoso da semente do urucum, por meio da tecnologia de extração por fluido supercrítico. Esse processo extrai uma variedade de fitoquímicos do urucum, todos com propriedades benéficas para a redução da gordura hepática.

“O dióxido de carbono (CO2) é utilizado como solvente, mantendo os principais fitoquímicos intactos do produto e oferecendo ainda uma extração sustentável, pois o CO2 é posteriormente recuperado para ser reutilizado”, comenta Aledo.

Inventores premiados

Mário Roberto Maróstica Junior (FEA), Eduardo Cesar Andreo Aledo (Rubian), Juliana Kelly Da Silva Maia (Rubian), Maria Angela De Almeida Meireles Petenate (FEA) e Carolina Lima Cavalcanti de Albuquerque (FEA) foram premiados na categoria Tecnologia Absorvida no Mercado no Prêmio Inventores 2024.

Este conteúdo integra uma série de reportagens produzidas pela Inova Unicamp sobre tecnologias licenciadas, absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas da Universidade Estadual de Campinas. Acompanhe outras reportagens e informações no site do Prêmio Inventores da Unicamp.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da Unicamp

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Cientistas avaliam como répteis e anfíbios lidam com mudança climática em ilha de Roraima

Expedição à Estação Ecológica de Maracá coletou mais de 400 espécimes para investigar como esses animais lidam com o aumento da temperatura previsto para as próximas décadas.

Leia também

Publicidade