Estudo mostra que atenção primária à saúde foi essencial para contenção da Covid-19 no interior do Amazonas

A experiência durou 45 dias e aconteceu junto das equipes de saúde da família do município de Itapiranga, entre agosto e setembro de 2020, durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19.

A pandemia de Covid-19 trouxe diversos desafios à saúde pública na Amazônia legal brasileira, que reúne mais de 17% das infecções e mortes por Covid-19 no país, sendo o Amazonas o 15º Estado brasileiro com mais casos e mortes pelo vírus. Pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) apontam que a atuação das equipes de saúde de família no interior do Estado, inclusive em regiões de difícil acesso, foi essencial para a diminuição dos números durante a pandemia. Artigo que traz relato de experiência dos alunos finalistas dos cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia da UEA no município de Itapiranga, interior do Estado do Amazonas, está publicado na ‘Revista Brasileira de Medicina da Família e Comunidade’.

A experiência durou 45 dias e aconteceu junto das equipes de saúde da família do município de Itapiranga, no mês de agosto e setembro de 2020, durante a pandemia de Covid-19. O município, que possui um pouco mais de nove mil habitantes e está localizado na região metropolitana de Manaus, conta com quatro Unidades Básicas de Saúde da família (UBS), sendo uma delas Unidade Básica Fluvial (UBSF), com uma equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF). 

Durante o período, os estudantes também atuaram na Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), embarcações preparadas para atender à população ribeirinha e capazes de chegar a áreas de difícil acesso. Em todas as UBS, eram realizadas consultas médicas, odontológicas e de enfermagem, e procedimentos como retiradas de pontos, curativos, nebulização e administração de medicamentos.

Foto: Reprodução/Unsplash

De acordo com o pesquisador Yury Bitencourt da Costa, um dos autores do estudo, a pesquisa procurou transmitir a realidade do pequeno município no enfrentamento da pandemia. “Procuramos saber como as equipes de saúde lideraram os atendimentos desde o primeiro caso confirmado na cidade e acompanhamos de perto algumas medidas de contenção”, explica Costa. Dentre as medidas, estavam barreiras que impediam o acesso à cidade, saída monitorada e testagem em massa de toda a população, inclusive da zona rural, durante o atendimento das equipes de saúde da família. 

“A atenção primária à saúde foi importante, principalmente em período pandêmico, na testagem em massa e na conscientização acerca das medidas de contenção”, comenta o autor. Em relação aos casos de Covid-19, até o dia 24 de maio de 2021, o município apresentou 3.032 casos, com mais de 40 óbitos, sendo o 32º, de 62 municípios, em número de mortes no estado. Até 23 de novembro de 2022, o casos confirmados somam 3.978, com 46 óbitos, segundo resumo epidemiológico da Secretaria de Saúde do Amazonas. “A experiência em Itapiranga foi a oportunidade de ter uma visão mais ampla da funcionalidade da atenção primária à saúde, principalmente nesse período pandêmico, onde esse nível de atenção se mostrou tão importante tanto para o diagnóstico precoce da doença quanto para a efetividade das medidas de contenção. Acredito também que nós, hoje, como profissionais de saúde, tivemos que nos reinventar e nos adaptar ao novo momento”, conclui Costa.

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