Belém é a única capital do Brasil aprovada no edital do SUS com o projeto Farmácia Nativa

O uso de plantas medicinais é algo que faz parte da sabedoria popular e está presente na ancestralidade do amazônida.

Quem nunca em Belém, no Pará, usou plantas medicinais para um chá, que aprendeu com a mãe ou com a avó para tratar uma dor de cabeça? Ou soube de alguma planta, folha, flor ou raiz cujo uso era bom para tratar determinada doença? O uso de plantas medicinais é algo que faz parte da sabedoria popular e está presente na ancestralidade do belenense e do amazônida em geral.

Foi pensando na união do poder terapêutico das plantas medicinais da Amazônia, da sabedoria popular e do conhecimento científico, que nasceu o projeto Farmácia Nativa, uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Prefeitura de Belém.

Agora mais um passo foi dado para a implementação do programa na saúde pública municipal da cidade. O Farmácia Nativa foi submetido e aprovado no edital do Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde. 

Belém ficou entre as seis cidades aprovadas no processo, sendo a única capital e a única cidade da Amazônia. Os demais municípios foram: Brejo do Madre de Deus (PE), Macaé (RJ), São Gotardo (MG), Três Rios (RJ) e Uberaba (MG).

Foto: Reprodução/Ag. Belém

Farmácia Nativa

O Farmácia Nativa prevê o cultivo de plantas medicinais, o beneficiamento, a produção de medicamentos fitoterápicos, o controle de qualidade e a dispensação destes medicamentos para as unidades básicas de saúde do município à distribuição gratuita à população.

A aprovação do programa no edital vai garantir recursos para a implementação do programa na capital, já que ele visa apoiar a estruturação de projetos que contribuem para garantir o acesso de usuários do SUS a fitoterápicos com qualidade, segurança e eficácia, conforme a Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).

Na Prefeitura de Belém o projeto é realizado por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Secretaria de Meio Ambiente (Semma), Secretaria de Administração (Semad), Coordenação das Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Copsan), Secretaria Municipal de Educação (Semec) e da Fundação Escola Bosque (Funbosque).

Resgate do programa 

Criado durante a última gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, o programa Farmácia Nativa trabalhava desde o cultivo de plantas medicinais até a dispensação de medicamentos fitoterápicos nas unidades de saúde. Retomado na nova gestão de Edmilson, o programa prevê a abertura de hortos municipais para o cultivo orgânico das plantas medicinais.

Para o secretário municipal de Saúde, Maurício Bezerra, o resgate do programa e a aprovação no edital do SUS é um grande avanço e um benefício social. “Com a aprovação, significa que, a partir de agora, teremos recursos financeiros para a produção das plantas medicinais e a elaboração das fórmulas”, explica o secretário.

Maurício Bezerra informa que as fórmulas serão distribuídas gratuitamente nas unidades básicas de saúde do município de Belém para aqueles pacientes que aderirem ao programa. “Também nos permitirá capacitar profissionais da rede municipal de saúde. Sobretudo, médicos e enfermeiros para o manejo dessas medicações”, afirma.

Foto: Divulgação/Ascom Funbosque

Hortos de produção do Farmácia Nativa 

O programa já conta com um horto de plantas medicinais, instalado na granja Modelo, onde estão sendo cultivados três espécies de plantas medicinais. Em breve, acontecerá a primeira colheita. O próximo passo será o beneficiamento da planta medicinal em medicamentos fitoterápicos.

O controle de qualidade será feito pela Faculdade de Farmácia da UFPA para, então, ser dispensado para as unidades de saúde do município, onde os usuários terão acesso a esses medicamentos.

Leia também: Saiba quais plantas que nascem nos quintais podem ser utilizadas para fins medicinais

Outro horto do programa Farmácia Nativa será montado na Unidade Municipal de Saúde Paraíso dos Pássaros, no bairro da Maracangalha. O espaço já está passando por análises de engenharia e de agronomia, dentro das normas de segurança, para que haja a produção de plantas medicinais. E outro deverá ser montado na Escola Bosque, em Outeiro, onde também será montado o laboratório do projeto.

Os hortos de produção também servirão como espaços terapêuticos não farmacológicos para a população e poderá receber visita dos estudantes para educação em saúde e meio ambiente.

Para o presidente da Funbosque, Alickson Lopes, o desenvolvimento do Farmácia Nativa articula o conhecimento ancestral com o científico. “Tudo isso é feito dentro de uma linguagem científica, com o acompanhamento técnico especializado. Belém, portanto, se torna uma referência nessa perspectiva de um futuro e valorização do conhecimento do passado”, complementa.

A coordenadora do programa Farmácia Nativa, Flávia Moraes, reforça que a atuação do Governo Municipal na área da fitoterapia e outras práticas terapêuticas não convencionais contribuem para ampliar o acesso de usuários do SUS a outras alternativas terapêuticas.

“Os medicamentos fitoterápicos produzidos no programa Farmácia Nativa serão obtidos por meio de uma cadeia produtiva local, garantindo eficácia, qualidade e segurança, além do acompanhamento de um profissional da saúde, estimulando o uso racional de plantas medicinais e de fitoterápicos. Conseguimos estabelecer parcerias importantes que vão nos auxiliar no cultivo, beneficiamento, na qualidade, na produção desses medicamentos fitoterápicos e também na análise científica”,

ressalta a coordenadora do Farmácia Nativa.

Plantas medicinais que serão cultivadas inicialmente no programa Farmácia Nativa:


  • Allium sativum (alho);
  • Aloe Vera (babosa);
  • Alpinia zerumbet (colônia);
  • Curcuma longa (açafrão);
  • Cymbopogon citratus (capim santo); 
  • Plectranthus barbatus (boldo brasileiro); e
  • Zingiber officinale Roscos (gengibre).  
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