Altos índices de anemia em crianças Apinajé são detectados por pesquisa da UFNT

O estudo avaliou crianças de 6 meses a 5 anos, investigando não apenas os dados biomédicos, mas também os aspectos culturais, sociais e alimentares que cercam a primeira infância nas comunidades indígenas.

Foto: Divulgação/UFNT

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) lança luz sobre a situação nutricional de crianças indígenas da etnia Apinajé, que vivem na região norte do estado. O estudo apontou uma preocupante prevalência de anemia infantil: 50% entre as crianças da aldeia Mariazinha e 31% na aldeia São José.

A dissertação, intitulada ‘Vulnerabilidade na Primeira Infância Indígena: Segurança Alimentar e Anemia em Crianças Apinajé’, foi desenvolvida pela mestranda Érika Larissa Poscidônio de Souza, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Demandas Populares e Dinâmicas Regionais (PPGDire), com orientação da professora doutora Thelma Pontes Borges, e contou com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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O estudo avaliou crianças de 6 meses a 5 anos, investigando não apenas os dados biomédicos como a dosagem de hemoglobina, mas também os aspectos culturais, sociais e alimentares que cercam a primeira infância nas comunidades indígenas.

“Mais do que números, a pesquisa busca compreender como os hábitos alimentares, as condições de saúde e as dinâmicas sociais impactam diretamente o desenvolvimento infantil entre os povos indígenas”, explica Érika, que foi acolhida de forma afetuosa pelas comunidades panhĩ durante o trabalho de campo.

Segundo o estudo, a alimentação nas aldeias estudadas tem se baseado cada vez mais em produtos industrializados, comprados em mercados, em detrimento dos alimentos cultivados ou provenientes da caça e pesca — uma mudança associada à perda de território ao longo do tempo e à intensificação do contato com o não indígena.

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“A insegurança alimentar, somada ao acesso limitado a políticas de saúde específicas para as crianças indígenas, perpetua um cenário de vulnerabilidade que afeta toda a comunidade”, reforça a pesquisadora.

Foto: Divulgação/UFNT

A iniciativa, além de sua importância científica, teve grande impacto social. Os resultados dos exames foram entregues às lideranças locais e ao Polo Base Indígena (PBI) de Tocantinópolis, contribuindo para a tomada de decisões em saúde.

Além disso, a pesquisadora levou os resultados para somar ao coletivo de evidências sobre o abandono na saúde em audiências públicas realizadas pela Procuradoria da República no Tocantins. O estudo foi aprovado pelos órgãos competentes, incluindo FUNAI, CNPq, DSEI, CONDISI, CEP e CONEP.

Durante a pesquisa, Érika foi batizada por membros da comunidade, recebendo nomes tradicionais Apinajé — um gesto que simboliza o vínculo afetivo e o respeito mútuo entre pesquisadora e comunidade.

De acordo com a UFNT, em breve a dissertação estará disponível para leitura no repositório institucional.

*Com informações da UFNT

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