Treinado desde 2020 pelo canil do Corpo de Bombeiros em Porto Velho, o labrador cumpre expediente não só na capital.
Com pouco mais de dois anos de vida, o cão Black tem chamado a atenção nas redes sociais por ter uma especialização profissional rara e importante: a busca por pessoas perdidas em área vegetal de risco, como as florestas da Amazônia.
Treinado desde 2020 pelo canil do Corpo de Bombeiros em Porto Velho, em Rondônia, o labrador cumpre expediente não só na capital. As ocorrências de desaparecimentos no interior também contam com seu talento.
Diante do sucesso obtido nos resgates de pessoas em áreas de mata, recentemente o cão militar se tornou “influencer” e está fazendo sucesso nas redes sociais. Agora toda ação de Black é registrada e publicada em sua conta ‘pessoal’ no Instagram. Nas redes sociais, Black mostra sua rotina de trabalho, treinos, ação social e também momentos de lazer.
Black ainda não completou três anos, mas, segundo o cabo Adriano Campos, que é o ‘cachorreiro’ — nome dado para o tutor do cachorro no CBM — desde pequeno o labrador se mostrou apto para função de encontrar pessoas.
“O Black iniciou os treinamentos em 1º de janeiro de 2020 e depois do treinamento específico ele recebeu o documento de Cão Certificado, na modalidade de Odor Específico nos níveis V e A. Mas a escolha do cão para trabalhar nesta função acontece desde muito pequeno. São feitos testes e o Black de destacou”,
conta.
Ao lado da irmã July e a da parceira, uma pastor belga, a Ruby, Black realiza os resgates de pessoas desaparecidas na mata. Já são 20 ocorrências atendidas por Black.
Resgates marcantes no currículo
Entre os resgates memoráveis no pouco tempo de trabalho de Black está o encontro de um homem com Alzheimer. O idoso havia saído de casa para ir até a casa da irmã e ficou desaparecido por cindo dias. Black o encontrou, com vida, dentro de um buraco.
Outra ocorrência foi o resgate de uma criança que tinha sumido. O canil do CBM foi acionado e Black indicou que a criança na verdade não tinha entrando na mata, como a família suspeitava, e sim seguido pela rua. Após uma hora de buscas a criança foi devolvida ao seu lar.
Outro resgate feito pelo cão militar foi de uma senhora que sofre de epilepsia. A mulher entrou na mata, teve uma crise e não conseguiu mais voltar. O Black conseguiu encontrá-la após duas horas de buscas, a 5 km de distância.
‘Cãoterapia’
Além de trabalhar e cumprir o expediente no Corpo de Bombeiros, Black faz serviços voluntários nas horas vagas, como o de terapeuta de crianças atípicas da Associação de Amigos do Autista (AMA) e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Porto Velho.
O projeto de ‘cãoterapia’ está na primeira fase e busca fazer uma aproximação de Black com as crianças. A diretora pedagógica da Ama, Jeieli Oliveira, explica que o projeto está no colhimento de informações sobre os alunos e a aproximação com o animal. “É um projeto para o próximo semestre, mas já existe o mapeamento, levantando as informações de quem são os nossos alunos e de como trabalhar. Incluindo as visitas para que haja a aproximação com o animal”, conta.
“Esse primeiro bimestre é só de visitas para que os alunos acostumassem com o cão. Até porque eles não tem o autocontrole, então eles apertam ou às vezes não vão querer nem chegar perto, porque eles são muito sensíveis”, completa.
A diretora pedagógica informa que o próximo passo do projeto está em ajustar os detalhes para oficializar as visitas. “Neste primeiro momento já posso dizer que as visitas foram bem aceitas. A gente sabe que esse tipo de terapia fora do país já acontece e ajuda na amenização de crises e também para fazer a interação social. Aqui a gente já selecionou nove alunos para o projeto começar a ser implantado”, revela.
As visitas acontecem durante as quartas e quintas-feiras. O contato é tanto com o Black quanto com a irmã dele, a cadela Ruby. A diretora diz que os animais têm sido bem aceitos pelos alunos: “São alunos que têm menos comprometimento, são verbais e conseguem interagir. A ideia é ir aumentando o quantitativos de alunos”.
O cabo Campos contou sobre o início desse projeto de ‘cãoterapia’ com a Apae e na Ama de Porto Velho. “Foram feitas algumas visitas em instituições, onde as crianças do local mostraram grande interesse em ter contato com os nossos cães. Foi aí que resolvemos fazer algo mais objetivo para a integração entre os cães e as crianças”, conta.
Na rede social do cão Black foi lançada um enquete para a escolha do nome da projeto de terapia que é feita com o auxilio dos cachorro do Corpo de Bombeiros.