Pedra rara é redescoberta em parque em Monte Alegre, no oeste do Pará

Estrutura geológica não era avistada há mais de 100 anos, quando foi fotografada pelo geógrafo francês Henri Coudreau

Um monólito de arenito, com cerca de seis metros de altura, foi redescoberto por funcionários do Parque Estadual Monte Alegre (Pema), no oeste do Pará, no último dia 6 de julho. A estrutura geológica não era vista há mais de 100 anos, tendo sido fotografada pela primeira vez durante a expedição coordenada pelo explorador e geógrafo francês Henri Coudreau ao rio Maicuru, em Monte Alegre. O relato foi publicado em um livro escrito pela esposa do geógrafo, Marie Octavie Coudreau, em 1903, em Paris (França). 

A viagem ao rio Maicuru, no período de 5 de junho de 1902 a 12 de janeiro de 1903, produziu uma imagem publicada no livro de Coudreau de uma pedra e dois homens. Sobre uma base maior, a peça é formada por outros três blocos de arenito.

Foto: Márcia Segtowich/Divulgação

 Contribuição

Nunca a imagem do monólito havia sido publicada no Brasil até 2015, ano em que Monte Alegre sediou a “Expedição Maicuru – Canoagem e Trekking no Coração da Amazônia”, de 23 a 26 de julho. O canoísta Pedro Sousa, coordenador do evento, foi à biblioteca do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, em busca de informações sobre o rio Maicuru. Ele encontrou o livro de Octavie Coudreau, “Voyage au Maycurú”, onde viu a pedra, 112 anos após a publicação da obra. Pedro publicou a imagem em sua rede social.

“Ficamos sabendo dessa pedra no final do ano passado, por um condutor que postou essa foto em um grupo da Associação de Condutores, e o doutor Nelsi Sadeck disse que sempre teve vontade de encontrar, iniciando uma busca. Só que, infelizmente, seu Sadeki não resistiu à pandemia e veio a óbito por Covid. Desde então, foi questão de honra achar a pedra. Na última terça-feira, encontramos no Parque, entre a Pedra do Mirante e a Itatupaóca, uma caverna que é atração do Pema”, informa o condutor do Parque Estadual Monte Alegre, Ilivaldo Castro.

Foto: Henri Coudreau/Arquivo pessoal

No último domingo (18), foi realizado um evento para comemorar o “Dia do Parque”, a redescoberta e nova apresentação do monólito, com uma expedição “Nelsi Sadeck”.

“Todas as medidas de segurança contra a Covid-19 foram tomadas. Fizemos o evento com diversos parceiros, entre eles o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). E contamos com a participação de todos os amantes da natureza e da nossa história arqueológica”, conta o gerente.

A redescoberta representa o resgate de um momento histórico das viagens que pesquisadores, exploradores e naturalistas europeus realizaram à Amazônia no século XIX e início do século XX. É importante para a história dos monumentos naturais existentes no Parque e também para o ecoturismo em Monte Alegre.

Unidade de Conservação integral criada por lei estadual, o Parque Estadual Monte Alegre abriga sítios arqueológicos com arte rupestre. As pinturas e gravuras encontradas nas rochas são a comprovação da presença humana há pelo menos 11 mil anos. Os sítios mais conhecidos estão na Serra do Ererê e na Serra do Paytuna, a cerca de 40 quilômetros do centro da sede municipal.

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