Conheça o Theatro Da Paz, patrimônio histórico e artístico paraense que completa 144 anos

O Theatro da Paz foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazôniainspirado no Teatro Scalla de Milão, na Itália.

O Theatro da Paz, em estilo neoclássico, foi construído em 15 de fevereiro de 1878 e comemora seus 144 anos de existência nesta terça-feira (15), desde os tempos áureos do ciclo da borracha, quando ocorreu um grande crescimento econômico na região amazônica. Na época, Belém foi considerada “A Capital da Borracha” e o espaço foi idealizado e criado para receber grandes espetáculos

Para comemorar, uma programação variada inicia nesta terça-feira e segue até o domingo (20) no próprio Theatro da Paz. A partir das 20h, na terça (15), haverá um Tributo a Waldemar Henrique, com a participação de convidados como a Banda Sayonara. O público será recepcionado no teatro por uma revoada de ‘Pássaros Juninos’, expressão artística paraense.

A abertura da programação será realizada pela a atriz paraense Ester Sá, que interpretará um trecho do espetáculo ‘Iracema Voa’, em homenagem à dama do rádio Iracema Oliveira, referência na manutenção do Pássaro Junino do Estado.

No último dia, domingo (20), a programação será gratuita e voltada ao público infantil, com a Cia. Madalenas apresentando o espetáculo ‘Quando a imaginação nos traz para dentro’, às 10h. No mesmo dia, haverá exibição do curta-metragem de animação ‘Allegro Pero No Mucho’, do diretor Cássio Tavernard.

Os ingressos serão distribuídos a partir das 9h. A plateia terá ainda crianças atendidas pelas ações do Programa Territórios pela Paz (TerPaz). O acesso à programação é livre, até que seja atingida a lotação do Theatro da Paz.

Ainda no mesmo dia, o violonista Salomão Habib vai apresentar obras de Waldemar Henrique, seguido de uma performance do Grupo ‘Dançart’, ambientada no cenário de uma Amazônia imaginária.

Para encerrar a noite, a Amazônia Jazz Band (AJB) apresentará um repertório com participação de convidados como Lucinha Bastos, Lidia Rinecy e Jorge Silva. Os artistas vão interpretar canções da Banda Sayonara.

Os ingressos terão valor simbólico de R$ 2,00 mais 1 quilo de alimento e podem ser adquiridos na bilheteria do Theatro ou pelo ticketfacil.com.br, a partir de 9h.

Já na quinta-feira (17), às 20h, haverá apresentação da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) com concerto em homenagem à ópera francesa “Les indes Galantes”, de J. P. Rameau; “Meditação de Thaís”, de J. Massenet; “Marcha Troiana da Ópera Os troianos”, de H. Berlioz; “Suíte da Ópera Os Contos de Hoffmann”, de J. Offenbach; “Ballet de Fausto”, de C. Gounod; e “Suítes de Carmen”, de G. Bizet.

Os ingressos serão gratuitos e podem ser retirados na bilheteria do Theatro ou por meio de bilheteria online.

História

A construção secular, foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia e tem características grandiosas: 1.100 lugares, e se destaca ainda pelos lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto, dezenas de obras de arte, gradis e outros elementos decorativos revestidos com folhas de ouro. Atualmente, é o maior teatro da Região Norte e um dos mais luxuosos do Brasil. Com cerca de 130 anos de história, é considerado um dos Teatros-Monumentos do País. 

Foto: Reprodução/Pará Turismo

O prédio cultural vinha passando por problemas estruturais decorrentes da ação do tempo e das chuvas constantes na região. E por esse motivo, o Governo do Estado em parceria com a Secretária de Cultura de Estado (Secult), contratou  por meio de licitação pública, uma empresa especializada em serviços de restauro para a revitalização da fachada; pinturas internas e pinturas especiais; reforma de forro; reforma e limpeza de pisos; reforma das instalações elétricas; tratamento de esquadrias; revitalização total do Café da Paz. 

Entre a lista dos serviços incluem ainda a reforma completa dos banheiros e vestiários; e reforma do sistema de proteção contra incêndio.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1963, o espaço, já passou por algumas reformas e reparos, com destaques para os anos de 1905, entre as décadas de 1960 e 1970, 2000-2002, 2010 e em 2019, quando a Secult iniciou as obras de contenção e reparo no forro do prédio.

Conheça o Theatro da Paz

Hall de Entrada

O hall de entrada é composto por materiais decorativos importados da Europa: ferro fundido inglês nos arcos das portas; escadaria em mármore italiano; lustre francês; bustos em mármore de carrara dos escritores brasileiros José de Alencar e Gonçalves Dias; estátuas em bronze francês; piso com pedras portuguesas formando mosaico e coladas com o grude do Gurijuba (peixe encontrado na região); paredes e teto pintados representando as artes gregas. 

Fonte: Reprodução / Theatro da paz

Corredor das Frisas

Em 1905 é fechada a porta principal de acesso ao salão de Espetáculos, já que a mesma prejudicava a acústica, em seu lugar é colocado um espelho em cristal francês. Além do espelho foram acrescentadas estátuas em pedra francesa e nas paredes foram fixadas placas em ferro esmaltado contendo o regulamento da época informando que “é proibido fumar”. O piso foi decorado em Parquê, utilizando as madeiras regionais como acapú e pau amarelo. 

Fonte: Reprodução / Theatro da paz

Salão de Espetáculos

A Sala de Espetáculos que originalmente possuía 1100 lugares, hoje comporta 900. As cadeiras conservam o estilo da época em madeira e palhinha adequadas ao clima da região. A balaustrada é toda em ferro inglês folheado a ouro. A pintura em afresco do teto central apresenta elementos da mitologia greco-romana fazendo uma alusão ao Deus Apolo conduzindo a Deusa Afrodite e as musas das artes à Amazônia.

No centro do teto foi adaptado o lustre em bronze americano que substituiu um grande ventilador que ajudava amenizar o calor. Nas paredes, com motivos florais, as pinturas imitam o papel de parede. O forro dos camarotes foram pintados obedecendo à hierarquia social da época; para a 1ª classe eram utilizadas as seguintes localidades: varanda, platéia, frisas, camarotes e procênios de 1ª ordem; para a 2ª classe: galerias, camarotes e procênios de 2ª ordem e para 3ª classe paraíso. Os procênios eram reservados as autoridades como: Prefeito chefe de polícia e diretores de escola. 

O Camarote Imperial, atualmente do Governador, situado na 1ª ordem de camarotes é ornamentado com mobília em madeira regional. O pano de boca pintado na França no ateliê Carpezat intitulado “Alegoria à República” foi inaugurado em 1890 em celebração a República Brasileira. 

Fonte: Reprodução / Theatro da paz

Salão Nobre

Salão Nobre (Foyer), local onde a nobreza costumava se reunir, para bailes, pequenos recitais e durantes os intervalos dos espetáculos, é um espaço altamente decorado com espelhos e lustres em cristal francês e bustos em mármore de carrara de dois grandes compositores da época: Carlos Gomes e Henrique Gurjão.

O mezanino do salão era o local usado pelos músicos nos eventos sociais e freqüentado pelas pessoas do paraíso em noite de espetáculos. Quanto à pintura do teto feita em 1960 é do Pernambuco Armando Baloni, que se inspira nas musas da música ladeadas pela fauna e flora amazônica. As paredes, pintadas pelos italianos, retratam motivos neoclássicos com buquês de flores.

Fonte: Reprodução / Theatro da paz

Frontaria

No inicio do século XX a frontaria foi o ponto mais significativo da reforma. Devido haver polêmico na norma do neoclássico italiano: na regra colunas pares e entradas impares, mas inaugurou ao contrário, com sete colunas e 6 entradas. Na reforma de 1905 foi recuado o frontão, retirando uma coluna e uma entrada, para decorar colocaram medalhões de musas, que representam as artes cênicas: comédia, poesia, música e tragédia; as laterais a dança. No centro o Brasão do Estado do Pará. As luminárias da balaustrada uma representam o dia e a outra à noite.

Fonte: Reprodução / Theatro da paz

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