Arara-vermelha ‘Linda’ é a nova integrante da fauna do Mangal das Garças

Ave vai fazer companhia para uma arara-canindé macho (Ara ararauna), que também vive no Parque

O Parque Zoobotânico Mangal das Garças recebeu, neste mês, uma arara-vermelha fêmea (Ara chloropterus) do Bosque Rodrigues Alves. Carinhosamente nomeada como Linda, este emblemático animal da região amazônica chegou até o Bosque em setembro de 2020, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

Foto: Divulgação

Antes de chegar ao Mangal, a arara-vermelha estava sendo criada em cativeiro. A ave foi avaliada pela equipe técnica do setor de fauna do Bosque, que concluiu que ela não tem condições de ser reintroduzida na natureza, pois já está acostumada com o contato e os cuidados humanos, que incluem, por exemplo, oferta de alimentos.

“O intuito seria que ela permanecesse no Bosque junto com as outras araras. Tentamos uma aproximação branda com as outras aves, porém as araras daqui não a aceitaram e a expulsaram do recinto onde vivem. Como o Mangal tinha interesse nesta ave, para que ela pudesse fazer companhia a uma outra arara, pensando no bem-estar do animal, achamos melhor o enviar para lá”, comenta Katiany Galo, médica veterinária do Bosque Rodrigues Alves.

“Nós vamos organizar um recinto para que os animais fiquem juntos. Vamos compor este casal e isso, sem dúvida nenhuma, vai melhorar muito o bem-estar de ambas as araras”, constata Camilo González, médico veterinário do Mangal das Garças. O público poderá ver de perto os animais próximo ao espaço do Memorial Amazônico da Navegação.

A equipe técnica do Bosque já buscava um par para ‘Linda’, e o Mangal das Garças tem o ‘Marcinho’, uma arara-canindé macho (Ara ararauna), que chegou no Parque junto a sua companheira por volta de 2008. “Na verdade, o nome de batismo da arara era ‘Leozinho’, porque na época existia um quadro no Zorra Total que se chamava ‘Leozinho e a Márcia’, e assim ficou. Leozinho atualmente se chama Marcinho e Márcia era o nome da falecida fêmea”, discorre Basílio Guerreiro, biólogo do Mangal das Garças.

Após a perda do par, que veio a falecer alguns anos depois, o público adotou o nome ‘Marcinho’. Segundo o biólogo, o grupo dos psitacídeos, que as araras, periquitos e papagaios fazem parte, tem uma vida bastante longa, principalmente as araras, que podem atingir até 80 anos. Se o animal estiver com boa saúde, em um espaço adequado e com o conforto necessário, ele pode até exceder essa expectativa de vida.

Foto: Divulgação

“Por mais que a Linda seja uma arara-vermelha e o Marcinho seja uma arara-canindé, este grupo aceita bem tanto animais de espécies diferentes quanto animais do mesmo sexo. Eles formam casais que, mesmo que não sejam reprodutivos, possuem o companheirismo que é extremamente saudável para aves como as araras”, relata Basílio.

Guerreiro conta que foi feita uma permuta para que a arara-vermelha fosse recebida, tudo dentro dos devidos processos legais. No lugar da ave em questão, o Mangal irá fazer a entrega de uma jandaia-verdadeira (Aratinga jandaya), que pertencia ao espaço, para deixá-la aos cuidados dos profissionais do Bosque.Foto: Divulgação

“Há possibilidades remotas de cruzamento entre a arara-canindé e a arara-vermelha, porém o Parque não está autorizado a fazer esse tipo de transação”, comenta o biólogo. Basílio acrescenta que, caso aconteça esta reprodução e a cruza, os ovos serão descartados para evitar que essa “nova espécie” possa ser estabelecida.

Antes de adentrar ao espaço, Linda ficará de quarentena e fará um exame físico, coleta de sangue e mais outros procedimentos necessários para que ela seja integrada no recinto de forma adequada. “Estes cuidados são muito importantes para que possamos ter certeza de que o animal se encontra em perfeitas condições de saúde. Além disso, apesar de termos quase certeza do sexo da ave, será desta forma que determinaremos se ela é, de fato, fêmea”, diz Camilo.

O veterinário também ressalta a importância do trabalho que o Mangal das Garças faz ao receber estes animais, alegando que muitas pessoas costumam pegar os animais da natureza, ainda filhotes e, depois de um tempo, cansam e os abandonam. Criados e adaptados a uma vida doméstica, eles não conseguem se adequar aos seus respectivos habitats naturais e precisam viver com o auxílio das pessoas.

“Trata-se de duas crueldades: pegar o animal do ninho e depois abandoná-lo. Nós reduzimos este dano que a sociedade faz com estes animais, os trazendo para um local onde são bem cuidados e recebem todo o amparo, da maneira mais profissional possível, para terem uma vida saudável”, comenta González.

CURIOSIDADES

A arara-vermelha, espécie de Linda, mede até 90cm de comprimento e pesa cerca de 1,5kg. É uma ave nativa das florestas do Brasil, Paraguai e Argentina. A alimentação dela é baseada em sementes, frutas e coquinhos. O ninho dessa arara é feito em ocos de árvores, mas ela também se aproveita de buracos em paredes rochosas para colocar os ovos, os quais são chocados apenas pela fêmea, que fica no ninho.

A arara-canindé, espécie de Marcinho, mede até 90cm de comprimento e pesa cerca de 1,1kg. Tem grande incidência em regiões da América do Sul a leste da Cordilheira dos Andes, concentrada na região amazônica até o norte do Paraguai e Bolívia, mas chegando no litoral somente no norte do continente, entre o Pará e Venezuela. As araras-canindé na natureza vivem em habitats variados, desde a floresta tropical úmida até savanas secas.

MANGAL DAS GARÇAS

O Mangal das Garças reforça juntos aos visitantes do espaço a obrigatoriedade do uso de máscara para entrada e permanência no local. Além disso, as medidas de segurança sanitária mantidas no Parque devem ser obedecidas, os visitantes devem evitar aglomerações e fazer uso do álcool em gel e das pias com água e sabão espalhadas em pontos estratégicos do local.

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