O que é mais vantajoso: comer fora ou preparar os alimentos em casa?

Preços dos alimentos sobem a cada mês

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 10,25% (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA de setembro/2021). Em termos práticos, se sua renda não aumentou no período, isso significa que seu poder de compra reduziu em 10,25%, ou seja, você hoje está mais pobre do que há 12 meses. No ano, como pode ser visualizado no gráfico a seguir, o IPCA já acumula alta de 6,9%, a maior desde 2016, isso porque ainda estamos em setembro de 2021. A expectativa é que a inflação feche o ano acima dos 8%.


O IPCA é composto por nove grupos de produtos e serviços: Alimentação e Bebidas; Habitação; Artigos de Residência; Vestuário; Transportes; Saúde e Cuidados Pessoais; Despesas Pessoais; Educação; e Comunicação. No mês de setembro de 2021, o preço médio dos produtos que compõem o grupo Alimentação e Bebidas apresentou alta de 1,02% em relação ao mês anterior, sendo que em agosto já havia registrado uma elevação de 1,36% em relação a julho. No ano, esse grupo acumula alta de 5,84% e nos últimos 12 meses a alta atinge 12,54%. Ao decompor a variação de preços do grupo Alimentação e Bebidas no mês de setembro (1,02%), o componente alimentação no domicílio aumentou 1,19%, enquanto a alimentação fora do domicílio cresceu “apenas” 0,59%. A princípio, isso pode parecer que está mais caro comer em casa do que fora. Será mesmo?

Do ponto de vista da praticidade, da variedade dos alimentos dispostos num restaurante e o tempo para comprar e preparar os alimentos, pode ser que seja mais vantajoso comer fora. No entanto, do ponto de vista estritamente orçamentário, sempre será mais vantajoso comer em casa. Por quê? O proprietário do restaurante, mesmo que consiga comprar alimentos mais baratos (pois compra no atacado), tem outras despesas, como remuneração do cozinheiro, do garçom, impostos e aluguel. Logo, o alimento preparado no restaurante é mais caro do que o preparado em casa, pois todos esses custos para o proprietário são embutidos no preço final do alimento vendido no restaurante.

Vamos traduzir isso em números. Vamos supor que você gaste em média numa refeição fora de casa, num almoço, por exemplo, R$ 15,00. Supondo que você almoce de segunda a sexta-feira fora de casa, ou seja, 20 dias por mês, isso representa um gasto mensal de R$ 300,00. Com esse valor é possível comprar uma cesta básica e ainda sobra. De acordo com a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (CDC/ALEAM), a cesta básica de setembro em Manaus apresentou um custo médio de R$ 276,43. Ou seja, caso você faça as compras no supermercado para cozinhar em casa, você economiza R$ 23,57. 

É importante ressaltar que a cesta básica inclui 26 itens (18 alimentícios e 8 de higiene e limpeza) em quantidades suficientes para garantir o sustento de um adulto ao longo de um mês. Ou seja, com essa cesta básica você garante não apenas uma refeição, mas todas as refeições do dia (café da manhã, almoço, lanche e jantar) e, inclusive, a limpeza da casa por 30 dias por pessoa. Portanto, do ponto de vista orçamentário, é mais vantajoso preparar os alimentos em casa do que comer em lanchonetes ou restaurantes.


Lucas Sousa: Economista pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Mestre em Economia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, é professor adjunto no Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Atua principalmente nas seguintes áreas de pesquisa: Economia Ambiental e Métodos Quantitativos em Economia.

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