Ocorre que, segundo o economista Iran Gadelha, volto a citá-lo, “pesquisas, no Amazonas, vêm servindo apenas para justificar, regra geral, diplomas de mestrado e doutorado, seguindo, depois, para a prateleira”. Apesar de ser financiada pelo Estado, os resultados “mantêm-se na posse do pesquisador, não somando inteligência, não chegam a ser apropriada pela inovação, nem divulgada para a sociedade”. Vício altamente danoso que, segundo Gadelha, o governo precisa solucionar via governança do sistema de P&D, do qual o CBA seria o centro..
Muito poucas pessoas, ao que percebi de opiniões emitidas sobre a questão no Facebook, em Portais ou por e-mail se deram conta da gravidade dessa afirmativa. Dentre os raros comentários a respeito, o cientista do Inpa, Charles Clement, foi fundo na questão. Por e-mail afirmou o seguinte: “O que Iran Gadelha fala tem explicação, guardando coerência com as teses que você insistentemente vem defendendo em sua coluna sobre investimentos em P&D”. A questão, efetivamente, reside em como promover os investimentos de forma adequada, casando campos prioritários e políticas públicas consentâneas, de efeito prático e aceitabilidade pelo mercado..
Afirma Clement:: “Hoje o CNPq, a Fapeam et al. escolhem linhas mestras gerais e deixam os pesquisadores decidirem o que fazer. Vai resultar no quadro traçado por Gadelha”. Simplesmente porque “não há nada para conectar os pontos, considerando ainda que investir sem planos concretos é da tradição na CT&I nacional. Aqui no Amazonas o projeto Fapeam Estratégico, que vem alimentando fortes expectativas não avança”. A propósito, o que pensam os ex e o atual governador do Estado, secretários de Planejamento, a diretoria da Fapeam a respeito? Ainda não consegui captar sinais claros sobre a questão.
Relevante, sob qualquer enfoque, a defesa de intervenções públicas voltadas à diversificação do PIM via bioeconomia. A questão básica, contudo, reside em como chegar lá, como definir que cadeias industriais exatamente podem ser exploradas no curto e médio prazo e quais as reservadas ao longo prazo. Segundo estudo publicado agora em março pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), “o poder e o potencial das tecnologias e dados digitais para indivíduos, governos e empresas dependem de seu uso efetivo”. Nesse sentido, segundo a Organização, a saída é “promover a adoção, a difusão e o uso efetivo de ferramentas digitais avançadas, inclusive promovendo o investimento em TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação, que podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos que proporcionam um novo modo de se comunicar) e ativos intangíveis, especialmente para as PME”.
Por conseguinte, governo e empresas devem se adequar a essa nova realidade por meio da adoção de automação, inteligência artificial, internet das coisas (IoT), machine learning, entre tantas outras tecnologias que permitem capturar e analisar uma grande quantidade de dados, e assim gerar campo proativo onde possam conversar entre si, viabilizando a aplicação de tecnologias demandadas pelas novas cadeias produtivas. Traduzindo, a base da indústria 4.0. Novo mundo com o qual somos obrigados a estabelecer nível de convivência propositiva. Um mundo onde não há espaço para tergiversações, acomodações, evasivas e incompetência. A alternativa é a marginalidade tecnológica.