Bioeconomia & biodiversidade

Por convenção internacional, bioeconomia refere-se a todos os setores da economia que utilizam recursos biológicos (seres vivos) explorados sustentavelmente. Diferentemente, segundo diversos estudos, o termo biodiversidade – ou diversidade biológica – descreve a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.

Esse mercado destina-se a oferecer soluções coerentes, eficazes e concretas para os grandes desafios sociais, como a crise econômica, as mudanças climáticas, substituição de recursos fósseis, segurança alimentar e saúde da população. A atividade econômica é dependente de pesquisa em biociências, tecnologias de informação, robótica e materiais; visa transformar o conhecimento e novas tecnologias em inovação para indústria e sociedade.

Embora a biodiversidade brasileira seja a  maior e mais rica do Planeta, uma grande vantagem para o mundo dos negócios, todavia, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de 2014, 78,8% dos entrevistados informam não haver segurança jurídica para o desenvolvimento da bioeconomia no país. Além desse obstáculo, há outros gargalos: 77,5% acreditam que as atuais linhas de apoio à pesquisa são insuficientes; 65,6% dizem que o marco regulatório é inadequado; e 55,6% afirmam que o Brasil não possui mão de obra qualificada. De acordo com a pesquisa, 77% dos entrevistados destacam que o Brasil não está aproveitando o potencial que possui para o desenvolvimento da bioeconomia, embora 92% acreditem que o país pode se tornar referência na área em escala mundial.

A bioeconomia estabelece novos referenciais de desenvolvimento e meios comprovadamente operacionais para enfrentar os desafios do mundo moderno, como escassez de água potável, produção de alimentos, mobilidade urbana, envelhecimento da população e mudanças climáticas. A principal vantagem da bioeconomia é, de acordo com diversas fontes científicas, produzir mais com menos matéria prima e insumos. Enfim, a biotecnologia abrange qualquer aplicação tecnológica que se utiliza de sistemas biológicos, organismos vivos ou derivativos destes, para produzir produtos e processos para usos específicos”.

Objetivamente, uma área da ciência talhada para a Amazônia, que reúne a mais importante biodiversidade do planeta, objeto de pesquisas por parte do Inpa, Embrapa e Academia. O Brasil, não obstante a abundância inconteste desses recursos, não sabe, entretanto, como usá-los economicamente. Na Zona Franca de Manaus, por exemplo, não temos uma só empresa que opere no campo da biotecnologia. Entretanto, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), a bioeconomia movimenta no mercado mundial em torno de 2 trilhões de Euros e gera cerca de 22 milhões de empregos.

O grande desafio consiste em traduzir conhecimento científico em produtos e processos inovadores a partir das Universidades e Institutos de pesquisa (ICTs), que produzem ciência, tecnologia e inovação, além de pessoal qualificado. Há, por outro lado, uma disputa ainda maior, gigantesco desafio a ser enfrentado pelo Brasil, a saber: tomar parte na disputa das potências pelas novas fronteiras do conhecimento, tendo em vista, particularmente, que, segundo a pesquisadora e amazonóloga Bertha Becker, “três grandes eldorados podem ser conhecidos contemporaneamente: os fundos oceânicos ainda não regulamentados, a Antártida, partilhada entre as potências, e a Amazônia, único ecossistema a pertencer, em sua maior parte, a um só Estado Nacional”. Considerando as vocações naturais da região nesse campo, o que, afinal, falta para tornar a bioeconomia amazônica uma prioridade nacional? Fundamentalmente, políticas públicas, programas e projetos ajustados à real capacidade de exploração sustentável da biodiversidade regional. No ritmo que segue o desmatamento, logo poderá ser tarde demais.
 

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