Vivaldo Lima, Vivaldão, Tartarugão, Colosso do Norte e Arena da Amazônia Vivaldo Lima

Uma bela história do Amazonas escrita nos anos 60.

O senador e dirigente esportivo Vivaldo Lima consegue uma pequena verba federal e libera uma área alagada na “cidade das palhas”. Era o sonho que faltava para integrar o futebol do Amazonas ao Brasil e ao mundo. O projeto, a pedido do Governador Danilo de Matos Areosa foi feito pelo arquiteto Mário Porto

Obra premiada nacionalmente. Àquela época, um dos mais modernos do Brasil.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Arquivo Pessoal

A iluminação foi montada em quatro torres. Projetada pela Siemens do Brasil, a mais moderna no Continente Sul Americano. Entretanto, começou a faltar fôlego e o dinheiro simplesmente acabou.

Foi criada a Loteria do Estado do Amazonas, que além de tornar milionário o vencedor, parte da arrecadação foi destinada à obra do Estádio. Mesmo assim, ainda era insuficiente.

Para tentar solucionar a questão, foi formalizada a parceria com fabricantes de bebidas: determinado valor de cada tampa (pincha) de bebida vendida foi destinado à obra do estádio.

Finalmente, em 30 de janeiro de 1969, com a presença de autoridades e, mais ou menos, mil pessoas presentes, sob o toque do Hino Nacional, foi feito o hasteamento da Bandeira Brasileira pelo Governador Danilo de Matos Areosa para inaugurar o que seria o tão esperado estádio, com apenas o gramado e o fosso que separaria o que seria, a posteriori, a arquibancada do campo de jogo.

Lágrimas nas faces de muitos presentes. A realização de um sonho: o “plantio” da semente do maior Estádio de Futebol do Hemisfério Norte da América do Sul.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Arquivo Pessoal

Naquele dia havia apenas o gramado de ótima qualidade e um torneio infanto-juvenil com clubes da FAF. A bola rolava e o governador discursava emocionado, afinal era o aniversário de seu segundo ano de governo, quando gritos vieram do gramado: GOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLL!!!!!!!

A equipe do São Raimundo marcou o primeiro gol do Estádio Vivaldo Lima, através do jogador “Caroço”, e foi também o primeiro Campeão do Colosso do Norte há mais de 50 anos.

Passado este evento a movimentação para a finalização da construção foi intensa. Finalmente, em 1970, com a presença da Seleção Brasileira (a Seleção do Tri), foi inaugurado uma parte do “Vivaldão”.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Arquivo Pessoal

A Seleção era maltratada por onde passava. Porém, a presença do “Esquadrão Canarinho” no Amazonas foi motivo de júbilo, pois recebíamos a equipe oficial do Brasil e realizávamos mais uma parte do sonho: inauguração do lado leste da arquibancada (lado do D. Pedro).

Pelo lado da Constantino Nery um tapume, que foi derrubado pela população empolgada. Pilastras de um lado da cobertura e poucas cabines de rádio, acima da entrada das autoridades e vestiários.

O governo distribuiu milhares de chapéus de palha ao público, que assistiu: BRASIL A e B contra AMAZONAS A e B. Os dois jogos foram 4 X 1, para a Seleção Brasileira, que seguiu para o México e se tornou a melhor Seleção de todos os tempos.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Arquivo Pessoal

Muitos e muitos anos passaram até que o então governador Amazonino Armando Mendes concluiu a obra do arquiteto Mário Porto com o jogo Brasil X Equador, pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

Em 2014, Manaus foi escolhida como Sede da Copa do Mundo. Através do governador Eduardo Braga, o Vivaldão “toma” uma injeção de rejuvenescimento e por meio de moderna tecnologia é transformado em Arena da Amazônia Vivaldo Lima, que foi inaugurada com um jogo interestadual entre Amazonas e Pará: Nacional X Paissandu (eternos rivais no futebol). A honra do primeiro gol no novo Estádio coube ao time paraense.

Lamentavelmente, na trituração dos restos mortais do “Tartarugão”, parte da nossa História e Memória foram triturados junto. Foram esquecidos: o suor e o amor de muitos caboclos que mantiveram a chama viva de nosso Estado através da prática esportiva.

Quem sabe do passado, não repete erros no futuro. Quem conhece o passado, sabe o porquê do hoje e pode imaginar o futuro.

Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii! 

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Como famílias de artesãos do Acre sobrevivem usando técnicas milenares com cerâmica

Sete famílias de Rio Branco tiram o sustento da fabricação de peças de cerâmica em espaço cedido pelo governo do Acre.

Leia também

Publicidade