Uxi amarelo: planta amazônica possui propriedade medicinal que combate colesterol alto

O chá de uxi amarelo é popularmente conhecido para tratamentos anti-inflamatórios, porém em estudos recentes foram reveladas novas propriedades, tendo como principais descobertas o impedimento da evolução da obesidade e controle do colesterol alto.

As cascas do uxi amarelo são tipicamente consumidas em chás. No senso comum, na Amazônia, acredita-se nas suas propriedades anti-inflamatórias. Porém, recentemente, um estudo indicou potencial na prevenção da obesidade, controle do colesterol alto e toxicidade contra algumas células tumorais

O uxi amarelo também é conhecido pelos nomes de uxi-pucu, uxi-liso, uxi, pururu e uxuá. O estudo foi incentivado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que apontou a capacidade antioxidante e antimicrobiana presentes nas cascas da planta. 

Para os estudos voltados para a obesidade, foram utilizados camundongos, que quando tratados com os extratos da planta demonstraram perda de peso após o período de 40 dias.

Portal Amazônia conversou com a doutora em Química Orgânica e docente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Rita de Cássia Nunomura, para saber como foi o processo da pesquisa.

Foto: Erico Xavier/Fapeam

A pesquisa voltada para o estudo de obesidade durou aproximadamente dois anos e as primeiras etapas foram realizadas pelo professor da Faculdade de Medicina da UFAM, Fernando Façanha, e pela aluna de Iniciação Científica, Mylla Christie Paschoalino. Este tema estava inserido no projeto de estudo de química de plantas amazônicas, coordenado por Rita, cujo intuito foi realizar a caracterização química presente nas plantas da região, envolvendo a quantificação do principal componente do uxi amarelo no extrato testado em camundongos.

“É comum que um estudo de preliminar de atividade biológica in vivo seja realizado primeiro com camundongos. Dependendo dos resultados, são feitos com outros animais até os ensaios clínicos necessários para colocar um produto no mercado”, esclareceu a pesquisadora sobre o procedimento.

A divisão dos animais foi feita em quatro grupos, cada um com seis camundongos machos, sendo o grupo 1 de controle – alimentado com ração comercial – e os demais grupos alimentados com ração para indução da obesidade. Os grupos que receberam o extrato de uxi apresentaram níveis de colesterol e triglicerídeo mais baixos.

“Considerando que o chá das cascas da árvore tem uso popular, o estudo foi realizado preparando o chá de acordo com a receita popular. Este foi liofilizado e administrado em diferentes doses aos animais. Os animais foram divididos em grupos. Após 40 dias foram avaliados o grau de obesidade nos animais que receberam o extrato e nos animais que não receberam”,

explicou.

Foto: Erico Xavier/Fapeam

A pesquisa envolvendo a caracterização química de uma planta medicinal contribui com a possibilidade da autenticação de novos medicamentos e fitoterápicos que venham a ser produzidos futuramente e até mesmo a autenticação de plantas medicinais para o acesso da população. A espécie que é nativamente amazônica pode ser encontrada em feiras com plantas medicinais, vendida como um anti-inflamatório. 

No projeto coordenado pela Fapeam, outras espécies vegetais também foram estudadas, como a carapanaúba, por exemplo, que revelou potencial citotóxico contra células de leucemia e potencial antioxidante.

Foto: Erico Xavier/Fapeam

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