Pesquisadoras rondonienses investigam tuberculose em crianças e adolescentes indígenas

Na análise, as autoras do estudo afirmam que as populações indígenas brasileiras têm de três a dez vezes mais risco de adoecimento pela doença quando comparado com a população em geral.

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa transmitida pelas vias aéreas e provocada, na maioria dos casos, pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Ela atinge todos os sexos, faixas etárias e etnias, de forma variada, e um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) identificou que, no Brasil, crianças e adolescentes indígenas estão entre as populações mais vulneráveis com risco de adoecimento pela doença e não recebem diagnóstico adequado.

A professora Nathalia Halax Orfão, docente no Departamento de Medicina da UNIR, e a aluna do curso de Medicina, Gisele Aparecida de Souza, são as autoras da pesquisa, ‘Perfil de saúde da tuberculose entre crianças e adolescentes indígenas: uma revisão integrativa‘, que também teve colaboração de mais duas coautoras: Melisane Regina Lima Ferreira e Rafaele Oliveira Bonfim. 

O trabalho investiga a incidência de tuberculose em crianças e adolescentes indígenas no país a partir de dados de saúde publicados entre 2000 e 2020.

Foto: Reprodução/Prevfogo Ibama RR

Na análise, as pesquisadoras afirmam que as populações indígenas brasileiras têm de três a dez vezes mais risco de adoecimento pela doença quando comparado com a população em geral. Isso ocorre devido às desigualdades sociais, linguísticas e culturais enfrentadas pelos indígenas, além das barreiras geográficas e da dificuldade de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, o cuidado com a saúde desses povos precisa ser diferenciado.

Entre a população indígena infanto-juvenil, a maior incidência ocorre em crianças com menos de cinco anos e do sexo masculino. Conforme a idade aumenta, os casos diminuem. “A variável clínica mais explorada refere-se ao exame de radiografia de tórax, apontando que quase 1/4 dos pacientes foram submetidos ao tratamento sem ao menos realizar este exame”, destacam.

O estudo aponta que a taxa de cura entre os infectados é elevada, porém a dificuldade diagnóstica, que inclui a baixa realização de exames, a ausência de sistematização dos dados clínicos, de avaliação nutricional e de investigação de contatos, amplia a desigualdade e o acesso a tratamentos adequados, pois os sintomas da tuberculose se assemelham aos de outras patologias características da idade.

As autoras concluem que é preciso aliar investimento, acesso aos serviços de saúde e exames diagnósticos e treinamento permanente dos profissionais de saúde para que esse cenário mude.

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