Movimentos sociais, saúde e transição energética são alguns dos temas do segundo dia dos Diálogos Amazônicos

O principal objetivo dos encontro é a produção de propostas da sociedade civil a serem apresentadas aos presidentes dos países amazônicos participantes da Cúpula da Amazônia, nos dias 8 e 9 de agosto.

Em continuidade ao evento ‘Diálogos Amazônicos’, que antecede a Cúpula da Amazônia, duas plenárias debateram questões sobre saúde, segurança alimentar e povos indígenas na Amazônia.

O principal objetivo do encontro é produção das propostas da sociedade civil a serem apresentadas aos presidentes dos países amazônicos participantes da cúpula, que é o evento principal, e reunirá governadores e chefes de estado dos países pertencentes à Amazônia Internacional para debater sobre o meio ambiente local e global. O evento é organizado pela Secretaria-geral da Presidência da República. Confira como foi o segundo dia:

Foto: Divulgação

Duas plenárias principais marcaram o segundo dia dos Diálogos Amazônicos. A plenária II, que ocorreu de 9h até 12h, debateu a saúde, soberania e segurança alimentar e nutricional na região amazônica: ações emergenciais e políticas estruturantes.

Já a plenária III,  dialogou como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica e transição energética. Confira outros destaques:

Plano Safra para agricultura familiar

Foi lançado também, neste segundo dia de evento, o Plano Safra da Agricultura Familiar na Amazônia. Desenvolvido sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, o plano  engloba ações de investimentos e financiamento com juros mais baixos para a produção familiar. Além disso, ouviu  as comunidades locais e busca atender demandas específicas da região.

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

São previstas medidas específicas para o Norte e o Nordeste. “Além de apoiar as cooperativas, queremos financiar a agroindústria para o açaí, o café, o maracujá, a laranja para agregar valor à produção familiar. E fazer uma luta para que tenha água, energia solar e cobertura de internet”, disse o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, o governo irá garantir o maior volume de crédito rural da história. Serão R$ 71,6 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), 34% superior ao anunciado na safra passada. 

Importância dos movimentos sociais regionais

Organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais Sede Brasil (Flacso), o debate intitulado ‘Amazônia Sustentável: contribuições das Ciências Sociais, do Multilateralismo e da Sociedade Civil’ ressaltou a importância de levar em consideração as demandas da sociedade civil para os governos.

O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Tourinho, participou da mesa de debates, juntamente com o vice-presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Alcebías Constantino, e o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues.

Demandas da sociedade amazônida

“Quem não tem o poder da caneta precisa ser ouvido”, afirmou o prefeito Edmilson Rodrigues, enfatizando a importância de se ouvir os movimentos sociais para solucionar os problemas da Amazônia.

“Fala-se muito em Amazônia como biodiversidade, mas esquecemos a sociodiversidade e isso não pode acontecer, porque quando isso acontece compromete a dignidade dessas pessoas”, 

complementou o prefeito de Belém.

O reitor da UFPA destacou o papel dos pesquisadores na busca de soluções para a Amazônia. De acordo com Emanuel Tourinho, a comunidade acadêmica também deve e merece ser ouvida pelos poderes públicos.

“É super importante se ouvir a base, os ribeirinhos, os quilombolas, os indígenas. Quando se fala em desenvolver políticas públicas para os nossos territórios é fundamental estarmos inseridos em todos os processos”,

destacou o vice-presidente da Coiab, Alcebias Constantino.

Educação popular e promoção da saúde ambiental em territórios amazônicos 

Agentes Comunitários de Saúde, profissionais de atenção básica, agentes de combate a endemias, lideranças comunitárias e integrantes de movimentos sociais debateram e propuseram ações emergênciais e políticas estruturantes para o enfrentamento de fatores ambientais de risco à saúde das populações.

As propostas apresentadas no fórum “Educação popular e promoção da saúde ambiental em territórios amazônicos” fizeram parte da programação Diálogos Amazônicos, que neste segundo dia, dedicou uma de suas plenárias para debater a saúde na região.

Promovido pela Articulação Nacional de Movimentos e Práticas em Educação Popular e Saúde, (ANEPS Norte), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e o Movimento Sem Terra (MST), as propostas apresentadas no fórum tiveram como destaque a busca de soluções para o problema do lixo nos territórios.

Durante o fórum, 121 educadores populares em saúde de 27 bairros de Belém receberam o certificado do curso EdpopSUS (Educação Popular em Saúde). De acordo com a coordenadora de Educação Popular da Sesma, Larissa. Medeiros, mais quatro novas turmas do curso serão abertas até o final deste ano. 

Por fim, durante o debate, a servidora Karen Tavares, que coordenou a humanização na Sesma e faleceu no último sábado, dia 29, recebeu homenagens. A família de Karen esteve presente e contribuiu com apresentando propostas voltadas para o problema do lixo no território.

Programação no Domingo 

Neste domingo (06/08), ocorre o terceiro e último dia do diálogos amazônicos. A programação conta com a Plenária IV, sobre a mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia; a Plenária V, sobre os povos indígenas das Amazônias: um novo projeto inclusivo para a região; e as Plenárias transversais: ‘Amazônias Negras: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionais’.
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