Essas espécies sobreviveram principalmente por conta de sua dureza, que tornava a extração complexa na época em que o fragmento floresta foi explorado..
No coração da área urbana de Manaus (AM), o Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) abriga uma diversidade de espécies da fauna e da flora Amazônica. Tendo em vista essa flora diversa, destacamos três espécies de árvores remanescentes da mata primária do fragmento florestal de aproximadamente 13 hectares: Tanimbuca, Uxi Amarelo e Visgueiro.
Inaugurado em 1995 pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, o Bosque tem quase três décadas de funcionamento como um espaço dedicado ao lazer, à educação, à popularização da ciência, à cultura e ao turismo.
No entanto, a área carrega um passado diferente do que se vê hoje. Antes do Inpa transferir sua sede do Centro para o Aleixo no início dos anos de 1970, onde permanece atualmente, a mata originária da área do Bosque foi desmatada e usada para produção de carvão e espécies de valor comercial para a venda da madeira.
De acordo com o botânico pesquisador no Inpa, Juan Revilla, algumas árvores escaparam ao corte manual graças aos troncos mais resistentes e grossos. Na época não era comum o uso de motosserra.
Revilla foi um dos idealizadores do Bosque, que originalmente foi planejado como Jardim Botânico do Inpa, mas já foi inaugurado com o nome de ‘Bosque da Ciência’.
“As árvores remanescentes da mata primária não foram derrubadas porque naquele tempo se usava machado e como a madeira dura dava muito trabalho não era aproveitada. Então são poucas as espécies que ficaram remanescentes da mata nativa. Felizmente, essas árvores remanescentes permitiram que a prole de suas espécies ajudasse a recolonizar a vegetação do Bosque como hoje estamos vendo aqui”,
destaca Revilla.
O botânico, junto a outros pesquisadores e técnicos, trouxe das expedições muitas sementes de espécies amazônicas para serem plantadas no novo campus do Inpa à época, que já tinha grande parte de sua área verde preservada.
Árvores Remanescentes
A Tanimbuca (Buchenavia huberi Ducke) é uma árvore de grande porte e a mais antiga do Bosque, com idade estimada em mais de 600 anos, antes da chegada dos europeus ao Brasil. Em sua homenagem, o Inpa criou a ‘Ilha da Tanimbuca’, um espaço com várias espécies de plantas e rodeado por um espelho d’água com peixes e tartarugas-da-Amazônia.
Além de seu papel simbólico como remanescente e de trazer reflexões sobre a importância da biodiversidade e a preservação do meio ambiente, a Tanimbuca desempenha um importante papel ecológico: o seu tronco oco serve de abrigo para diversas espécies de animais, como cotias e aves.
“Pesquisas que fizemos utilizando sensores em plataforma móvel mostram que no Bosque da Ciência a temperatura do ar pode ser até 10°C menor que na área urbana próxima. Por isso é tão comum a sensação agradável quando se está no Bosque”,
completou o pesquisador.