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Sexta, 03 Mai 2024

Qualidade da água de bacias que banham Manaus é analisada em expedição científica

Um total de 55 pontos das bacias que banham a cidade de Manaus, no Amazonas, vem sendo monitorados por cientistas. A qualidade da água das bacias do Tarumã Mirim, Tarumã-Açu, São Raimundo, Educandos e Puraquequara é analisada em expedição científica na embarcação de pesquisa 'Roberto dos Santos Vieira', e nos laboratórios da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA). A pesquisa conta com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O estudo desenvolvido, no âmbito do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado), busca fornecer informações robustas para o adequado monitoramento da qualidade de águas das bacias que circundam a cidade de Manaus, para auxiliar de forma decisiva na tomada de decisão de gestores públicos quanto às ações necessárias para garantir a conservação dos corpos hídricos da região.

Foto: Nathalie Brasil/Fapeam

Coordenado pelo doutor em Físico-Química, Sergio Duvoisin Junior, da UEA, o grupo de pesquisa 'Química Aplicada à Tecnologia-GP QAT' utiliza atualmente 138 parâmetros de qualidade, com base no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para realização das análises em cada bacia monitorada, entre os quais pH, condutividade elétrica, temperatura, oxigênio dissolvido, nitrogênio, metais, coliformes totais e termo tolerantes.

"Os principais resultados obtidos nestes anos de monitoramento são, resumidamente, a determinação detalhada da degradação grande nas bacias do São Raimundo e Educandos, e dos primeiros sinais de degradação que a Bacia do Tarumã-Açu está nos contando através dos dados gerados no monitoramento. Além disso, podemos constatar que a do Tarumã Mirim e do Puraquequara são bacias muito sadias", observou Sérgio Duvoisin, acrescentando que a água é um item imprescindível para a vida, e em boa qualidade é essencial para a saúde pública e na prevenção da propagação de doenças.

Na bacia do Tarumã-Açu, o grupo de pesquisadores identificou, no intervalo de dois anos de monitoramento, que apesar das análises de água estarem dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Conama há uma diferença para pior. Entre os fatores poluentes que influenciam neste impacto ambiental estão o aterro sanitário, os condomínios no entorno da região e também os flutuantes.

"A bacia do Tarumã-Açu está dizendo estou sofrendo com os impactos e conseguindo absorver, mas está na hora de tomarmos alguma atitude porque no futuro, de repente, não vamos conseguir absorver todo esse impacto que a cidade de Manaus está colocando na bacia do Tarumã-Açu", 

disse Sérgio, como um alerta para não permitir a bacia chegar em níveis de degradação como a do São Raimundo e Educandos.
Foto: Nathalie Brasil/Fapeam

Sérgio explica que o Conama indica para tomar banho no corpo hídrico, por exemplo, no máximo até mil coliformes, que são bactérias indicadoras de contaminação em alimentos e água, seu alto potencial patogênico representa riscos à saúde humana. No Igarapé do Mindu, que faz parte da bacia do São Raimundo, na área que passa por trás da EST/UEA, foram detectados 5 milhões de coliformes, em 100 ml de água, ou seja, uma bacia extremamente degradada pelo esgoto doméstico, explicou o cientista.

Dados 

A proposta do grupo de pesquisa é fazer um monitoramento regular, algo que não havia sido feito no estado, ou seja, ter os mesmos parâmetros nos mesmos pontos em determinados intervalos de tempos regulares. O pesquisador afirma que, em breve, os pesquisadores através do monitoramento do Rio Negro irão apresentar uma proposta de Índice de Qualidade de Águas Negras para a região Amazônica.

Os resultados obtidos na pesquisa de monitoramento ambiental do GP-QAT estão abertos ao público, e podem ser acessados em: www.gp-qat.com.

Além do apoio da Fapeam, o estudo faz parte do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) iniciado em parceria do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

A pesquisa também conta com a cooperação de pesquisadores de instituições internacionais como a Universidade de Harvard, que participaram da campanha no Rio Negro, em setembro, bem como do Instituto Max Planck, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Paraná (que participaram da campanha do Rio Negro em Janeiro/23), entre outras instituições locais e do Brasil.

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