Primeiro parque nacional da Amazônia brasileira celebra 50 anos

Parque Nacional da Amazônia integra corredor ecológico entre os rios Tapajós e Madeira numa área de mais de 1 milhão de hectares.

Há 50 anos surgia, às margens das corredeiras do rio Tapajós, o primeiro parque nacional da Amazônia brasileira. Com mais de 1 milhão de hectares, o Parque Nacional da Amazônia foi criado em 19 de fevereiro de 1974 para preservar os recursos naturais da região diante do impacto das ações de incentivo ao povoamento da região sudoeste do Pará, com o deslocamento em massa de brasileiros de todos os cantos do país na esteira da construção da rodovia Transamazônica (BR – 230).

A celebração do aniversário do parque foi marcada por uma corrida e caminhada na trilha da Gameleira, promovida no dia 18 de fevereiro pela Associação de Desenvolvimento Turístico Regional do Tapajós (Adtur). A trilha de cinco quilômetros ofereceu aos participantes a possibilidade de avistamento de aves, macacos, tatus, veados e outros mamíferos, além do contato com elementos da flora como castanheiras, quinas, sumaúmas e até uma gameleira gêmea. A atividade reuniu 120 visitantes e foi finalizada nas margens do rio Tapajós.

Para o coordenador da Unidade Especial Avançada (UNA) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Itaituba (PA), Ronilson Vasconcelos Barbosa, o PARNA da Amazônia é uma unidade estratégica para a preservação da biodiversidade na região. 

“Dentre as principais conquistas, saliento a conservação de riquezas da fauna e flora amazônica no eixo da hidrovia Tapajós-Teles Pires, região em constante ameaça, propiciando o desenvolvimento de pesquisas, com destaque para a ornitologia, e um ambiente de beleza singular disponível ao uso público dos moradores de Itaituba/PA e região”, 

destaca.

Corredeiras do rio Tapajós compõem a paisagem do parque. Foto: Acervo ICMBio

O Parque Nacional da Amazônia integra um corredor ecológico de dispersão de espécies entre os rios Tapajós e Madeira. As gigantescas sumaúmas se destacam na cobertura florestal característica do bioma que apresenta a maior biodiversidade do planeta. A fauna inclui 13 espécies de primatas, além de espécies raras, vulneráveis e ameaçadas de extinção, como a onça-pintada e o gato-maracajá.

As cavidades naturais formadas por rochas carbonáticas e sedimentares, possuem grande potencial de abrigar espécies endêmicas desconhecidas da ciência. O parque abrange imensa área de floresta e montanhas que abriga grupos indígenas isolados e sítios arqueológicos. Registros de povos que habitaram a região revelam a relevância arqueológica para a compreensão da história de ocupação humana na região do rio Tapajós.

Criação

O PARNA Amazônia foi criado em 19 de fevereiro de 1974 no contexto do Programa de Integração Nacional (PIN) do governo federal, que promoveu a colonização da Amazônia a partir do incentivo e atração de brasileiros de diferentes regiões do país. O parque foi criado justamente para preservar os recursos naturais e reduzir o impacto da migração promovida pelo programa na região.

Gestão

A gestão do PARNA Amazônia é de responsabilidade da Unidade Especial Avançada (UNA), em Itaituba, que também administra outras onze unidades de conservação, sendo uma Área de Proteção Ambiental, sete Florestas Nacionais, três Parques Nacionais e uma Reserva Biológica, somando mais de 9 milhões de hectares de áreas protegidas.

Atrativos

O Parque Nacional da Amazônia dispõe de 11 atrativos para os visitantes: oito trilhas, um mirante, uma praia de água doce e um acampamento. Mais de 1,6 mil pessoas visitaram o parque em 2023. A diversidade de espécies de aves faz do PARNA da Amazônia um destino muito procurado por observadores de aves. O registro do número de visitas é realizado através da emissão de autorizações para visitantes pelo Serviço Técnico de Gestão Socioambiental e Uso Público da UNA Itaituba.

Clima

O clima equatorial quente e úmido é marcado por altas temperaturas, pequena amplitude térmica anual e ausência de um período realmente seco.

Hidrografia

A unidade de conservação abriga o divisor de águas de duas bacias hidrográficas, a do Rio Tapajós e a do Rio Parauari-Maués-Açu. A região é mercada por inúmeras cabeceiras de rios e igarapés que deságuam tanto na bacia do rio Tapajós, quanto na dos rios Madeira e Amazonas.

Localizada na bacia Sedimentar do Amazonas, onde predominam rochas carbonáticas da Formação Itaituba, os terrenos apresentam grande potencial para a visitação e o ecoturismo, como a presença de cavernas e grutas.

Sítios arqueológicos

O Parque Nacional da Amazônia é uma unidade de conservação que protege sítios arqueológicos pré-colombianos. A unidade abriga mais de 30 sítios arqueológicos cadastrados no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Os dados etno-históricos e vestígios encontrados na UC indicam o alto potencial arqueológico e a relevância da região para o conhecimento do histórico de ocupação humana nos arredores do rio Tapajós.

Povos indígenas

Parte do seu território apresenta sobreposição com a Terra Indígena Andirá-Marau, da etnia Sateré-Mawé e, em 2023, foi identificada a Terra Indígena Sawre Ba’pim, da etnia Munduruku.

Flora

A vegetação formada pela floresta ombrófila densa chama a atenção pelas numerosas espécies de árvores que alcançam mais de 50 metros de altura. Entre as espécies arbóreas mais comuns destacam-se seringueira, castanheira, gameleira e espécies de ipê. Ocorrem, ainda, florestas com predomínio de palmeiras, como o açaí e o buriti. Além de florestas, observam-se manchas de campinarana ao longo do parque. Esta vegetação abriga uma fauna rica e diversificada, com espécies importantes para a conservação – endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, com destaque para aves, mamíferos e borboletas. 

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